Temer reage a denúncia de Janot com ataques ao procurador da república
Terça-Feira, 27 de Junho de 2017

Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo/Band

O presidente Michel Temer (PMDB) fez um pronunciamento no Palácio do Planalto, nesta terça-feira, e classificou a denúncia de corrupção passiva apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como uma obra de "ficção".

Cercado por parlamentares da base aliada, o peemedebista fez ataques a Janot e ao dono do Grupo J&F, o delator Joesley Batista, a quem chamou de “senhor grampeadorâ€. Segundo Temer, os fundamentos da denúncia apresentadas pelo procurador-geral são “frágeis e precáriosâ€, sem provas “robustasâ€.

– Agora que estamos colocando o país nos trilhos, somos vítimas dessa infâmia de natureza política – afirmou.

O presidente defendeu que tem preocupação “mínima†sob o ponto de vista jurídico da ação, mas que viu necessidade em fazer um esclarecimento em razão dos ataques e da repercussão política.

Ataque

Temer também criticou e levantou dúvidas sobre a relação entre o procurador-geral e Marcelo Miller, ex-braço-direito de Janot.

Além de cobrar provas concisas, o peemedebista voltou a atacar Joesley Batista e a afirmar que eventuais edições teriam sido feitas na gravação realizada pelo empresário durante o encontro dos dois em abril deste ano.

Segundo ele, as delações de “Joesley e seus capangas†teriam sido orquestradas para que os executivos conseguissem se "safar da cadeia". 

– Quem deveria estar preso está solto, com liberdade para voar para Nova Iorque, Pequim - declarou.

Por fim, Temer enfatizou que não “fugirá das batalhas e nem da guerra que tem pela frente, em defesa do país e de minha dignidade pessoalâ€.

Estratégia

Temer passou a manhã reunido com parte da sua equipe de comunicação – entre eles o secretário de Comunicação da Presidência, Márcio Freitas, o marqueteiro do PMDB, Elsinho Mouco, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco – para definir o formato e o tom da resposta, e acabou optando por uma declaração à imprensa.

O peemedebista é o primeiro presidente da história do país denunciado durante exercício do mandato. Em seu relatório, Janot pede que Temer e Rocha Loures paguem indenizações por danos morais coletivos no valor de R$ 10 milhões e R$ 2 milhões, respectivamente.

Evidências

Agindo assim, Michel Temer parece esquecer que passou a vida alimentando a imagem de jurista dedicado e republicano. Agora, ao reagir com beligerância contra a acusação da Procuradoria Geral da República, mostra que na verdade preocupa-se apenas com os próprios interesses, assim como grande parte dos políticos, para não dizer a maioria. Deveria dizer apenas que “está tranquilo e mostrará sua inocência ao longo do processoâ€, como reza a cartilha dos encrencados do colarinho-branco. O procurador-geral da República não está proibido por lei de acusá-lo, vale ressaltar. Pelo contrário: é obrigação dele fazê-lo quando há evidências tão rotundas.

O presidente, aliás, tem passado mais tempo fazendo pronunciamentos para se justificar e organizando a defesa do que governando, diga-se de passagem. O Brasil, se vai melhor agora do que vinha antes, como ele gosta de dizer, é porque tem penas próprias e sede desenvolvimento, não por obra do governo – que historicamente atrapalha bem mais que ajuda, aliás.

Da redação da Band, com edição do AeF



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