Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo/Band
O presidente Michel Temer (PMDB) fez um
pronunciamento no Palácio do Planalto, nesta terça-feira, e classificou a
denúncia de corrupção passiva apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF)
pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como uma obra de
"ficção".
Cercado por parlamentares da base
aliada, o peemedebista fez ataques a Janot e ao dono do Grupo J&F, o
delator Joesley Batista, a quem chamou de “senhor grampeadorâ€. Segundo Temer,
os fundamentos da denúncia apresentadas pelo procurador-geral são “frágeis e
precáriosâ€, sem provas “robustasâ€.
– Agora que estamos colocando o paÃs nos
trilhos, somos vÃtimas dessa infâmia de natureza polÃtica – afirmou.
O presidente defendeu que tem
preocupação “mÃnima†sob o ponto de vista jurÃdico da ação, mas que viu necessidade
em fazer um esclarecimento em razão dos ataques e da repercussão polÃtica.
Ataque
Temer também criticou e levantou dúvidas
sobre a relação entre o procurador-geral e Marcelo Miller, ex-braço-direito de
Janot.
Além de cobrar provas concisas, o
peemedebista voltou a atacar Joesley Batista e a afirmar que eventuais edições
teriam sido feitas na gravação realizada pelo empresário durante o encontro dos
dois em abril deste ano.
Segundo ele, as delações de “Joesley e seus capangas†teriam sido orquestradas para que os executivos conseguissem se "safar da cadeia".
– Quem deveria estar preso está solto, com
liberdade para voar para Nova Iorque, Pequim - declarou.
Por fim, Temer enfatizou que não “fugirá
das batalhas e nem da guerra que tem pela frente, em defesa do paÃs e de minha
dignidade pessoalâ€.
Estratégia
Temer passou a manhã reunido com parte
da sua equipe de comunicação – entre eles o secretário de Comunicação da
Presidência, Márcio Freitas, o marqueteiro do PMDB, Elsinho Mouco, e o ministro
da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco – para definir o formato e o
tom da resposta, e acabou optando por uma declaração à imprensa.
O peemedebista é o primeiro presidente
da história do paÃs denunciado durante exercÃcio do mandato. Em seu relatório,
Janot pede que Temer e Rocha Loures paguem indenizações por danos morais
coletivos no valor de R$ 10 milhões e R$ 2 milhões, respectivamente.
Evidências
Agindo assim, Michel Temer parece
esquecer que passou a vida alimentando a imagem de jurista dedicado e republicano. Agora,
ao reagir com beligerância contra a acusação da Procuradoria Geral da República,
mostra que na verdade preocupa-se apenas com os próprios interesses, assim como
grande parte dos polÃticos, para não dizer a maioria. Deveria dizer apenas que “está
tranquilo e mostrará sua inocência ao longo do processoâ€, como reza a cartilha
dos encrencados do colarinho-branco. O procurador-geral da República não está
proibido por lei de acusá-lo, vale ressaltar. Pelo contrário: é obrigação dele fazê-lo
quando há evidências tão rotundas.
O presidente, aliás, tem passado mais
tempo fazendo pronunciamentos para se justificar e organizando a defesa do que
governando, diga-se de passagem. O Brasil, se vai melhor agora do que vinha antes,
como ele gosta de dizer, é porque tem penas próprias e sede desenvolvimento,
não por obra do governo – que historicamente atrapalha bem mais que ajuda, aliás.
Da redação da Band, com edição do AeF