O jogo de cena dos falastrões
Quinta-Feira, 24 de Agosto de 2017

Foto: Marco Bello/Reuters/Band

Centenas de venezuelanos participaram de simulações de exercícios cívico-militares nesta quinta-feira, ordenados pelo presidente Nicolás Maduro. O chefe de Estado da Venezuela também está preparando um treinamento oficial para este final de semana, em resposta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que disse não descartar uma alternativa militar para o país.

A emissora de televisão estatal VTV exibiu manobras militares, práticas de tiro e aterrissagem  em pelo menos cinco das 24 entidades federais da Venezuela. As ações foram lideradas por membros da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e, em alguns casos, contaram com a participação de civis.

De acordo com a agência estatal de notícias AVN, práticas similares têm sido realizadas ao longo da semana em uma dezena de cidades do interior do país. A força-tarefa organizada é uma preparação para o "exercício de defesa integral Soberania Bolivariana 2017â€.

Participação

Estima-se que cerca de 10 mil militares devem chegar ao estado de Miranda, que cobre boa parte de Caracas, entre sábado e domingo. Além disso, o governo espera que mais de 100 mil venezuelanos, entre civis e soldados, participem da ação, em cidades como Azoátegui e Zulia, que faz fronteira com a Colômbia.

Segundo Maduro, trata-se de um "exercício nacional cívico-militar de defesa integral armada da pátria venezuelana que se dará em todo o território nacionalâ€. Ele detalhou o plano na última semana, diante de milhares de pessoas em Caracas, durante um ato em rejeição à advertência de Trump.

A chamada “revolução bolivariana†realizou um exercício similar no qual participaram cerca de 500 mil pessoas em janeiro, quando o governo dos EUA decidiu prolongar o decreto emitido em 2015 que considera a Venezuela uma "ameaça extraordinária".

– Queremos paz? Preparemo-nos para defender a paz com tanques, aviões, fuzis, mísseis e o principal: o coração formoso do povo nobre de (Simón) Bolívar e de (Hugo) Chávez â€“   argumentou o líder chavista.

Jogo de cena

Este enfrentamento retórico e cheio de encenação de ambos os lados cumpre mais o objetivo de manter vivo um suposto antagonismo, que no fundo atende a interesses comuns de lado a lado, do que de aprofundar um suposto conflito. Trump, de um lado, simplesmente interromperia a compra de petróleo da Venezuela se quisesse realmente deixar Maduro de calças curtas – o Tio Sam compra metade do óleo que os venezuelanos vendem no mercado externo; o presidente venezuelano, do outro, simplesmente cessaria a venda do ouro negro para os “imperialistas yankeesâ€, que o líder chavista tanto gosta de culpar pelos males que assolam seu país.

Então o que se tem ali é um jogo de cena no qual os dois líderes falastrões tentam dar uma polida na própria imagem usando o impasse como pano de fundo, enquanto os venezuelanos, que são a parte mais interessada no assunto, são os grandes prejudicados, assim como toda a América Latina. Bom negócio para eles, os falastrões, mas péssimo para a população do país andino e para todo o continente.

Da redação da Band, com Agência Brasil e edição do AeF



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