Foto: Marco Bello/Reuters/Band
Centenas de venezuelanos participaram de
simulações de exercÃcios cÃvico-militares nesta quinta-feira, ordenados pelo
presidente Nicolás Maduro. O chefe de Estado da Venezuela também está
preparando um treinamento oficial para este final de semana, em resposta ao
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que disse não descartar uma
alternativa militar para o paÃs.
A emissora de televisão estatal VTV
exibiu manobras militares, práticas de tiro e aterrissagem em pelo menos cinco das 24 entidades federais
da Venezuela. As ações foram lideradas por membros da Força Armada Nacional
Bolivariana (FANB) e, em alguns casos, contaram com a participação de civis.
De acordo com a agência estatal de
notÃcias AVN, práticas similares têm sido realizadas ao longo da semana em uma
dezena de cidades do interior do paÃs. A força-tarefa organizada é uma
preparação para o "exercÃcio de defesa integral Soberania Bolivariana
2017â€.
Participação
Estima-se que cerca de 10 mil militares
devem chegar ao estado de Miranda, que cobre boa parte de Caracas, entre sábado
e domingo. Além disso, o governo espera que mais de 100 mil venezuelanos, entre
civis e soldados, participem da ação, em cidades como Azoátegui e Zulia, que
faz fronteira com a Colômbia.
Segundo Maduro, trata-se de um
"exercÃcio nacional cÃvico-militar de defesa integral armada da pátria
venezuelana que se dará em todo o território nacionalâ€. Ele detalhou o plano na
última semana, diante de milhares de pessoas em Caracas, durante um ato em
rejeição à advertência de Trump.
A chamada “revolução bolivarianaâ€
realizou um exercÃcio similar no qual participaram cerca de 500 mil pessoas em
janeiro, quando o governo dos EUA decidiu prolongar o decreto emitido em 2015
que considera a Venezuela uma "ameaça extraordinária".
– Queremos paz? Preparemo-nos para defender a paz com tanques, aviões, fuzis, mÃsseis e o principal: o coração formoso do povo nobre de (Simón) BolÃvar e de (Hugo) Chávez – argumentou o lÃder chavista.
Jogo de cena
Este enfrentamento retórico e cheio de
encenação de ambos os lados cumpre mais o objetivo de manter vivo um suposto
antagonismo, que no fundo atende a interesses comuns de lado a lado, do que de aprofundar um suposto conflito. Trump,
de um lado, simplesmente interromperia a compra de petróleo da Venezuela se
quisesse realmente deixar Maduro de calças curtas – o Tio Sam compra metade do
óleo que os venezuelanos vendem no mercado externo; o presidente venezuelano,
do outro, simplesmente cessaria a venda do ouro negro para os “imperialistas yankeesâ€,
que o lÃder chavista tanto gosta de culpar pelos males que assolam seu paÃs.
Então o que se tem ali é um jogo de cena
no qual os dois lÃderes falastrões tentam dar uma polida na própria imagem
usando o impasse como pano de fundo, enquanto os venezuelanos, que são a parte
mais interessada no assunto, são os grandes prejudicados, assim como toda a
América Latina. Bom negócio para eles, os falastrões, mas péssimo para a população do paÃs
andino e para todo o continente.
Da redação da Band, com Agência Brasil e
edição do AeF