AS FALÃCIAS DO MUNDO VIRTUAL
Quinta-Feira, 05 de Setembro de 2013
 

Hoje o tema principal da coluna seria outro: descobri o espírito do rock – e queria dividir tal descoberta com meus leitores aqui da coluna Cotidiano. Porém, deixarei o tema para a próxima publicação. Há um assunto premente que me chama a atenção e, penso, devo socializar minha preocupação: o mundo virtual vivenciado na internet está criando uma legião de pessoas do mal. Claro, elas já têm má índole; apenas utilizam o anonimato propiciado pela web para destilar esta maldade. Mas têm a oportunidade para distorcer fatos, macular a imagem de pessoas do bem, criar factóides ou publicitar versões falsas de fatos verdadeiros. É interessante verificar que nem sempre esses ratos de internet se escondem atrás de nomes falsos,os chamados ‘fakes’. Por vezes até assumem a identidade, porém com claras distorções da realidade em seus comentários. São PHDs em falácias.


Falácia é a utilização de um argumento falso (nem sempre mentiroso, mas falseado, distorcido) para tentar convencer alguém, aquele que lê ou ouve, sobre algum assunto. Na teoria da comunicação há vasto material sobre o tema, que me é bem conhecido porque entre as disciplinas que leciono no ensino superior está o tema Argumentação. Dos vários tipos de argumentos falaciosos estão, por exemplo, fazer comparações entre coisas que não possuem comparação (um craque de futebol com um jogador ‘cabeça de bagre’; um objeto de ótima qualidade com outro de qualidade inferior), a utilização da retórica para emocionar o interlocutor como forma de desviar do assunto em questão, ou mesmo apelar para improváveis conseqüências que podem advir caso não seja aceita a tese do falacioso. Existem vários tipos de falácia, com nomes em latim, mas isso não vem ao caso aqui na coluna.


O que vem ao caso é que há pessoas que para atender interesses pessoais ou políticos, utilizam-se das falácias na internet para tentar enganar leitores incautos, menos preparados, que não reconhecem no ardil das palavras a intenção de suas entrelinhas. Muitas o fazem aproveitando o anonimato, pois tal e qual manifestantes encapuzados ou mascarados têm vergonha dos próprios atos que cometem. Outras, mais caras-de-pau, utilizam o próprio nome para, através das falácias (quando não das mentiras), lançar suspeitas sobre pessoas ou entidades como forma de denegrir a imagem destas. Quem realmente quer levantar uma questão, real e verdadeira, deve ter e apresentar subsídios, informações, comparativos com fundamento para obter credibilidade e propor um debate. Sem este aprofundamento nas informações, que geralmente demanda tempo e algum trabalho, qualquer um pode jogar “opiniões†ao vento. A não ser que esta seja a intenção (maldosa): apenas espalhar a porcaria falaciosa via ventilador – e não há ventilador que espalhe melhor uma notícia ou opinião ruim, ainda que não verdadeira, do que a internet.


NOVOS TEMPOS


Há quem garanta que o espírito bravo e forte dos blumenauenses, que fez com que a cidade se recuperasse de tantas tragédias, está se rendendo ao espírito fofoqueiro e mordaz das lavadeiras on line, que despejam suas águas sujas nas redes sociais.


BANDEIRAÇO


A bela bandeira sobre o rio Itajaí Açu, que comemora o aniversário da cidade, ganhou fantástica projeção. Nunca a antiga bandeira colocada na prefeitura deu tanto ‘ibope’. A Prefeitura de Blumenau poderia mandar agradecer aos opositores pela repercussão acima do esperado.


PARA COM ISSO


As paralisações no transporte coletivo de Florianópolis, prejudicando milhares de trabalhadores que querem chegar ao seu local de trabalho, deveria servir como lição para alguns sindicatos. Quando uma greve prejudica a população, o cidadão que paga impostos, a comunidade fica contra o movimento. Com esta antipatia, a Justiça logo se posicionará contra o movimento, acabando com ele.


PROFISSIONALISMO


Falta de bons ‘profissionais’ há em todos os ramos, não é mesmo?  Bandido de origem paranaense trazia 550 quilos de maconha em um carro. Ao passar por Blumenau, o carro pifou. Faltou gasolina. Deixado em uma rua perto do Ceasa, no bairro Itoupava Norte, chamou atenção da vizinhança que chamou a polícia. Bingo!  Mais de meia tonelada de maconha caiu no colo das autoridades, graças ao ‘profissionalismo’ do traficante.


TIRAMBAÇO NO PÉ


A Câmara dos Deputados também faz das suas burradas. Ao não cassar o mandato do deputado Donadon, deixou transparecer que podemos ter, sim, deputados-bandidos no Brasil. Se o cara está preso e pode ser deputado federal, então deve ser uma questão de tempo para que descubramos outros. O tiro no pé foi tão forte, que a Justiça está intervindo. Assustados, os parlamentares derrubaram bem ligeiro o voto secreto – um anseio muito antigo da população, mas que vinha sendo sempre protelado pelos nobres edis. Se a votação já fosse aberta, Donadon perderia o mandato.


EXEMPLO


Caiu lá na ‘Ilha de Lost’, caiu na Ilha da Magia também. A Assembléia Legislativa acaba de fritar o voto secreto. Agora as posições dos deputados nos projetos votados devem ser assumidas em público, sem máscaras. Antes tarde do que nunca.


Se ambas as câmaras parlamentares mirassem o exemplo da Câmara de Vereadores de Blumenau, já teriam abolido o voto secreto há muito tempo... há quem reclame, mas há parlamentos bem piores do que o nosso.


FIM DE UMA ERA


O fim da MTV brasileira marca o fim de uma era. O canal, que encantou pelo menos duas gerações, caiu em desgraça com a rapidez da tecnologia. Se o problema é música, as pessoas agora podem ver vídeos na internet muito antes de chegarem à televisão. Os próprios cantores e bandas já postam na rede, pois sabem do “milagre da multiplicação dos vídeosâ€. Thunderbird, ex-VJ, lembra que a MTV do Brasil foi a melhor do mundo no final do século passado. Dez anos depois, já era.


Como tudo neste mundo tecnológico e consumista, também se tornou descartável.


QUESTÃO DE ÓTICA?


“Tudo depende de como olhamos para as coisas e não de como elas são em si mesmasâ€. (Carl Gustav Jung, psquiatra e psicoterapeuta suíço, fundador da psicologia analítica)


 


Fabrício Wolff também no twitter: @fabriciowolff ou www.twitter.com/fabriciowolff


+ Artigos
Thomas Madrigano
Editor assistente e colunista do Análise em Foco, faz o curso de Jornalismo no Instituto Blumenauense de Ensino Superior (Ibes/Sociesc). Na coluna Parabólica, assume a missão de permanecer antenado aos fatos mais relevantes do noticiário e do cotidiano, trazendo-os para o internauta do AeF em uma mistura bem heterodoxa de notícias factuais com análise, crônica e jornalismo literário.
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