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PROPOSTA FINANCIADA POR ENTIDADES PREVÊ CENTRO MAIS HUMANIZADO PARA BLUMENAU
Terça-Feira, 29 de Agosto de 2017

As cerca de 10 mil pessoas que costumam circular toda semana pelo terminal rodoviário interurbano de Blumenau podem conferir, até 28 de setembro, a exposição itinerante Centro Vivo, montada na área onde estão os guichês de venda de passagem. A mostra tem sido apresentada em diferentes espaços de circulação pública do município, como o objetivo de levar a conhecimento dos blumenauenses proposta de reurbanização da área central da cidade, assinada por um escritório de arquitetura de Blumenau e financiada por Sindilojas, Sinduscon e Secovi.

O projeto propõe um resgate do Centro da cidade segundo eixos de moradia, lazer e comércio, com a remodelagem de três áreas específicas. A primeira delas incluindo toda a quadra onde está a prefeitura e o prédio do antigo Fórum. A segunda, no Centro Histórico, integrando o Biergarten, o Mausoléu Dr. Blumenau, o Museu da Família Colonial e a antiga prefeitura, onde hoje tem sede a Fundação de Cultura.

Arborização

A terceira área traz a mudança mais abrangente, unindo o jardim do Teatro Carlos Gomes com os terrenos onde estão o INSS, um prédio comercial e o estacionamento do colégio Bom Jesus Santo Antônio. De acordo com a proposta do Centro Vivo, toda esta área seria transformada numa grande praça arborizada. Em relação à mobilidade, a proposta privilegia o pedestre e o ciclista, prevendo modificações que tornariam o trânsito mais humanizado e menos mecanizado.

As sugestões apresentadas através do projeto Centro Vivo vão de encontro a diretrizes da atual gestão do município, que vem contemplando projetos de reurbanização da área central como as remodelagens das ruas Nereu Ramos e Curt Hering – a primeira, já concluída, criou o primeiro calçadão de Blumenau.

Exemplo

Iniciativas que incluam poder público e iniciativa privada no mesmo planejamento são sempre muito bem vindas. Desde que se trate de um planejamento voltado para o interesse comum, e não particular, é claro.

Blumenau já tem um exemplo elogiável para dar neste campo: a revitalização da rua XV de Novembro, no final dos anos 1990, quando a Câmara de Dirigentes Lojistas e a prefeitura uniram-se para transformar a principal rua da cidade em seu principal cartão postal, com o aterramento de toda a instalação elétrica, o revigoramento arquitetônico e a ampliação das calçadas da rua que deu origem à cidade. Durante os anos 2000 o Centro de Blumenau seguiu sendo revitalizado – a remodelagem da avenida Castelo Branco, mais conhecida como Beira Rio, foi o destaque neste período – e agora tem este novo projeto de revitalização. Pelo êxito dos anteriores, não há porque duvidar de que a nova proposta seja igualmente bem sucedida.

Efeito colateral

É importante, contudo, que se pense corretamente na mitigação dos efeitos colaterais que sempre acompanham intervenções estruturais importantes como as já executadas ou que ainda venham a ser. No caso do projeto Centro Vivo, há que se considerar a necessidade de estimular o uso de transporte público para complementar a iniciativa, ou em soluções de tráfego e acesso que estimulem as pessoas a deixar o carro longe do Centro para ir andando, de bicicleta ou de qualquer outro modal mais sustentável que o automóvel – mais importante ainda vai ser descentralizar serviços hoje prestados apenas no Centro . Afinal, se a ideia é humanizar os espaços da região central, é preciso saber que a limitação do tráfego de veículos é condição intrínseca e inexorável.

Que a sociedade, através de suas diferentes instâncias de representação pública e privada, saiba encaminhar este debate corretamente e com o juízo no lugar, para que os benefícios do projeto, em caso de eventual implantação, sejam maiores que os prejuízos. Potencial para isso ele tem, é só questão de ser bem conduzido.




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