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SC SE DESTACA NO AGRONEGÓCIO MAS BUSCA AVANÇO EM VALOR AGREGADO
Segunda-Feira, 19 de Fevereiro de 2018

O governo de Santa Catarina comemora a retomada vigorosa das exportações de carne suína para a China, que se consolida como o principal mercado do produto catarinense. Em janeiro deste ano, o estado faturou US$ 20 milhões vendendo-o para os chineses – mais do que o dobro da receita obtida em dezembro de 2017. No último mês foram embarcadas 9,7 mil toneladas de carne suína para o país asiático – 110,5% a mais do que em dezembro. O resultado acabou contribuindo para que SC entrasse em 2018 com saldo positivo nas exportações de carne suína.

Em janeiro, o estado embarcou 25 mil toneladas do produto para outros países (principalmente China, Hong Kong, Chile e Argentina), 10,2% a mais do que no último mês de 2017. O faturamento com as vendas internacionais também teve alta, de 4,2%, e fechou em US$ 51,3 milhões.

Em comparação com janeiro de 2017, contudo, os embarques de carne suína tiveram uma pequena queda tanto na quantidade (-1,7%) quanto no faturamento (-6,7%) – o que poderia ser explicado pela suspensão das vendas para Rússia, maior comprador da carne suína catarinense no último ano (102 mil toneladas). Com a saída temporária dos russos, a China passou a ser o maior mercado para a carne suína produzida no estado. Em relação ao primeiro mês de 2017, as vendas para o mercado chinês foram 69,6% superiores em 2018 e o faturamento aumentou 71,9%.

Liderança

Com estes números, Santa Catarina segue como o maior produtor e exportador de carne suína do país, respondendo por 46,9% de toda a receita externa obtida pelo Brasil com o produto. Segundo o secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, Moacir Sopelsa, o agronegócio vem ampliando seu espaço na pauta de exportações catarinenses, o que seria resultado da qualidade e da sanidade dos rebanhos.

– O agronegócio faturou US$ 5,5 bilhões com as exportações em 2017, isso foi 65% do total exportado pelo Estado. É um desempenho incrível. As carnes produzidas em Santa Catarina têm um grande diferencial que é a sanidade dos nossos rebanhos e isso nos dá acesso aos mercados mais exigentes do mundo. Nosso desafio é manter esse status sanitário diferenciado e ampliar nossas vendas ao exterior – analisa o titular da Agricultura catarinense.

Os números foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) e analisados pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa/Epagri).

Realidade

Como toda realidade, esta também inspira pelo menos duas leituras diferentes e antagônicas: uma é de que Santa Catarina realmente colhe excelentes resultados no agronegócio, outra de que precisa avançar bastante na exportação de produtos com maior valor agregado. Afinal, em plena era da economia 4.0, da produção de tecnologia e da inovação, concentrar 65% das exportações sobre uma commodity de baixo valor agregado não é necessariamente uma grande conquista. Pode ser um bom resultado, mas não muito mais do que isso, até porque este é o setor que sustenta todo o Brasil, aos trancos e barrancos.

Evidentemente que não se trata de sugerir uma redução do espaço ocupado pelo agronegócio catarinense na pauta de exportações do estado, nem tampouco de propor uma revisão de estratégia para o segmento. Trata-se apenas e tão somente de observar que Santa Catarina precisa avançar, e muito, no comércio exterior de bens e serviços se quiser produzir riquezas em maior escala. Sem concentrar mais foco, esforços e recursos no desenvolvimento de uma indústria tecnológica mais pujante, os catarinenses terão bem mais dificuldade para dar aquele salto para o futuro, como fizeram algumas nações nos últimos 50 anos – recado que vale para todo o Brasil.

Balança

Basta observar que, enquanto vendemos carne de boi, galinha e porco para os chineses eles nos vendem celulares, aparelhos de TV, carros e toda sorte de bens de consumo com alto valor agregado. Quem tem mais a comemorar nesta balança?

Editado pelo   AeF  , com informações da Secom/SC  




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