Análise em Foco > Personalidade
ENGENHARIA E METEOROLOGIA COMO RESPOSTA ÀS AMEAÇAS DO CLIMA
Quarta-Feira, 22 de Abril de 2015

Por isso é preciso traçar um plano bem elaborado de prevenção a desastres provocados pela força do vento em Santa Catarina, privilegiando duas direções básicas de planejamento e execução:


1) Disponibilizar linhas de financiamento e orientação técnica para famílias de baixa renda que constroem casas estruturalmente vulneráveis a desastres naturais como o desta segunda-feira, além de adotar campanhas educativas e dispositivos legais que orientem a todos na hora de construir. Não se pode permitir que a população siga edificando sem levar em conta os riscos de um tornado,  de um ciclone ou de um furacão, como já ficou claro. Deixar que o cidadão erga uma casa para ser destruída como se fosse de papel pelo vento é uma irresponsabilidade, e também uma omissão, da esfera pública e dos órgãos competentes, que precisam orientar o desenvolvimento urbano da forma mas sustentada e segura possível.


Neste aspecto, a União precisa ser parceira do estado, criando modalidades de financiamento que viabilizem um realinhamento das cidades, considerando a possibilidade de ocorrência dos fenômenos naturais.


2)  Regularizar o sistema de alerta meteorológico, fazendo com que o radar instalado em Lontras, no Alto Vale do Itajaí, funcione adequadamente. O equipamento, que acabou de ser instalado e custou R$ 10 milhões, é a principal ferramenta do estado para prever a ocorrência de fenômenos climáticos e proteger a população de seus impactos. Mas está parado por falta de manutenção e condições operacionais, algo que, em hipótese alguma, deveria ocorrer – isso sem considerar que um só radar é pouco, pois seriam necessários outros, em outras regiões do estado, para dar aos meteorologistas a melhor condição possível de antecipar a ocorrência de eventos climáticos. Fazendo o primeiro deles funcionar a contento, no entanto, já se dará um grande passo.


Neste ponto, a União pode ser igualmente parceira do estado, ajudando com o fornecimento de servidores públicos qualificados para manter o serviço em operação, ou dando algum tipo de incentivo – fiscal, de preferência – para que o estado possa ter recursos para preparar e manter os quadros necessários para operar o radar com regularidade e eficiência. Afinal, é em Brasília que fica a maior parte dos impostos pagos pelos catarinenses – e pelos vizinhos da região Sul do país, aliás, que também sofrem com a ocorrência de alterações climáticas.


Custo


Vale observar que prevenir quase sempre sai bem mais barato que remediar. A reconstrução das cidades atingidas por cataclismos e a recuperação dos prejuízos provocados por eles, geralmente, costumam sair bem mais caros do que a adoção de medidas preventivas, considerando nesta conta o valor inestimável da vida e os reflexos de natureza incalculável que as tragédias ambientais provocam no dia a dia e no estado emocional das pessoas.


Que Santa Catarina saiba dar novo exemplo, como já deu tantas vezes, e repense o crescimento urbano das regiões mais suscetíveis à ocorrência de ciclones, tornados e furacões. Do contrário, ainda contaremos muitos mortos e muitos prejuízos no futuro. Pensem nisso, senhores gestores públicos.




+ Notícias
Todos os direitos reservados © Copyright 2009 - Política de privacidade - A opinião dos colunistas não reflete a opinião do portal