Análise em Foco > Personalidade
AUMENTO DE IMPOSTO É INACEITÃVEL NO ATUAL CONTEXTO
Sábado, 05 de Setembro de 2015

O momento é oportuno para se discutir também outra questão: qualquer novo aumento de impostos é intolerável no Brasil. Enquanto o governo não cortar ministérios, cargos públicos, vícios de gestão e toda gama de mazelas da máquina pública, melhorando a qualidade da governança e dos serviços oferecidos ao cidadão, não é nada ponderável falar em aumento de carga tributária.


A falta de legitimidade política e administrativa da atual gestão é outro obstáculo a qualquer proposta de reajuste fiscal. De um lado, o mar de escândalos que envolve o projeto petista de poder não oferece a mínima garantia de que colocar mais dinheiro na mão do governo possa ser bom negócio; do outro, os números e os fundamentos da economia e da esfera administrativa mostram que este projeto esgotou sua capacidade de desenvolver o país, de forma que colocar ainda mais fichas nele equivale a apostar num cavalo que largou em primeiro mas chegou à reta final em último. Acreditar que possa se recuperar nos últimos metros do páreo e recuperar a liderança é quase como esperar que alguém com morte clínica decretada volte à vida por inspiração divina. Até pode acontecer, mas a possibilidade é quase tão remota e improvável quanto o desembarque de extraterrestres no leito do rio Itajaí-Açu.


Armas da democracia


O povo não pode tolerar, portanto, qualquer proposta que aumente impostos. Será preciso empunhar novamente as faixas, megafones e bandeiras para ir às ruas protestar e emparedar representantes públicos – principalmente os do Congresso Nacional, eleitos justamente para preservar os interesses da sociedade. Chega de ser emparedado, está na hora do brasileiro virar o jogo. Passou da hora, aliás, a realidade mostra isso.


E a presidenta Dilma Rousseff, que insiste em dizer que o país precisa de mais fontes de receita, precisa se convencer, definitivamente, de que o necessário mesmo é diminuir as fontes de despesa. O povo já entrega dinheiro demais para a União, considerando a qualidade do gasto público e dos serviços públicos que recebe de volta.


Dilma que vá pedir dinheiro para os petroleiros, mensaleiros e demais espécimes de parasitas que habitam a esfera pública – só com eles obterá bilhões e mais bilhões de reais para arrumar as contas da casa. Que vá acabar com os cabides de emprego na explanada dos ministérios. Ali vai economizar mais alguns pares de milhões. Que vá propor uma revisão do Pacto Federativo e uma reforma administrativa decente, delegando mais responsabilidades e mais autonomia fiscal a estados e municípios. No meio desse rearranjo quem sabe alguém encontre uma forma mais eficiente e confiável de administrar os recursos públicos, que não seja só gastar mais e mais para depois mandar a conta ao povo.


Que faça qualquer coisa, menos enfiar a mão no bolso do cidadão outra vez. Assim não dá, ninguém aguenta mais, chega de assalto, a insegurança pública das ruas já suficiente.


Agindo assim, Dilma acaba minando ainda mais sua já desgastada imagem, que vem mantendo um sopro de vida em função da postura até agora elogiável da presidenta, que vem conseguindo manter pelo menos o equilíbrio institucional do país. Não é pouco para um momento de crise aguda como esse, deve-se reconhecer.


Mérito


A petista opera quase um milagre ao evitar que o barril exploda com tantos pavios acesos ao redor. Este é um mérito de Dilma e merece ser reconhecido. Ela vem obtendo este efeito graças ao vice Michel Temer, claro, mas também pela postura dela própria, que evita as bravatas chavinistas de Lula, por exemplo, e segura muito bem a própria onda quando se pronuncia publicamente. É em função desta atitude de estadista que a presidenta vai mantendo a legitimidade de seu mandato e afastando o risco de um impeachment de motivação política. E vai sendo decisiva na preservação da democracia e do equilíbrio institucional também, o que pode colocá-la na história de uma forma bastante honrosa, a despeito do desastre que é sua gestão nos campos político, social e econômico.


Pois é todo este mérito no meio da crise que a presidenta arrisca ao falar em recriar a CPMF e aumentar impostos. Deveria pensar mais não só no povo que governa ao fazer isso, mas também na própria biografia.




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