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PSD DECIDE TER CANDIDATO PRÓPRIO EM BLUMENAU
Sábado, 11 de Junho de 2016


Em reunião ocorrida nesta quinta-feira à noite, no Grêmio Esportivo Olímpico, em Blumenau, o diretório municipal do Partido Social Democrático (PSD) decidiu pelo lançamento de candidatura própria na eleição de outubro. Oficialmente, a legenda diz que o nome do candidato será definido entre o final de julho e o começo de agosto, dentro dos prazos estabelecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral.


Na prática, contudo, todos sabem que este nome está praticamente definido e tem tudo para ser o do deputado estadual Jean Kuhlmann – o ex-prefeito João Paulo Kleinübing, que poderia polarizar a disputa, está focado na missão de estadualizar seu nome à frente da secretaria estadual de Saúde para depois concorrer a governador.


A questão, a partir de agora, é saber se o partido estará unido em torno de Kuhlmann. Neste aspecto, há dois nomes que geram mais dúvida e receio em relação à unidade do PSD: Ismael dos Santos, colega de Kuhlamann na Assembleia Legislativa de SC, e Fábio Fiedler, vereador de bastante voto e articulado em sua base, mas que sempre fez questão de mostrar sua queda pelo prefeito Napoleão Bernardes (PSDB).


Incógnita


Santos e Fiedler garantem que estarão firmes com a candidatura do partido e que pedirão, sim,  voto para Kuhlmann se for mesmo ele o candidato do PSD em outubro. Fiedler alega que já trabalhou pelo colega de sigla em 2014, quando ele reelegeu-se deputado estadual.


– Pergunta quem estava com ele no último dia de campanha, pedindo voto nos semáforos da cidade – observa Fiedler (que, no entanto, não convence alguns figurões do partido de que teria sido fiel a Kuhlmann em 2014. Ele próprio, diz-se, gostaria de ter sido candidato a deputado estadual naquele ano, e por isso teria trabalhado por outro candidato dentro da legenda, Gelson Merisio, hoje colega de Kuhlmann na AL e cotado para concorrer a governador pelo partido).


Ismael Santos sempre suscitou dúvidas (justas ou não) sobre sua real devoção ao projeto partidário. Talvez pelas diversas vezes que já trocou de partido, talvez por comentários que às vezes surgem em torno de suas reais inclinações, o fato é que nunca faltou gente para insinuar que ele viraria as costas para o PSD na primeira oportunidade que tivesse. Poderá acabar ou não com estas dúvidas agora.


– Sou um homem de partido e vou trabalhar pela legenda seja qual for o candidato – garante Santos, afirmando, no entanto, que ainda não teria visto “sangue nos olhos†de Kuhlmann para concorrer.


Mas para alívio dos caciques partidários, ele também critica Napoleão Bernardes, dizendo que, em sua opinião, o tucano teria deixado a desejar na composição de sua equipe.


- O prefeito Napoleão é um homem público muito carismático, deve-se reconhecer. Mas falta aquele nome que faça a diferença em seu governo – comenta Santos, comparando Bernardes ao ex-prefeito João Paulo Kleinübing (PSD), que, na opinião dele, seria o próprio “nome do governo†quando governou Blumenau.


Jovino Cardoso, atual vice-prefeito de Blumenau, poderia ser a terceira incógnita relevante do PSD, mas sua relação com os colegas de poder atualmente é tão fria que não haveria porque ele trair o projeto do próprio partido. Não faria sentido, pelo menos, seria como abandonar a família outra vez para voltar com aquela amante cuja relação já não existe mais. Pesa também o fato de que o episódio da chácara onde o vice-prefeito usava servidor público para serviços particulares (investigado por uma CPI na Câmara) deve afetar  a imagem de Cardoso diante de seu eleitorado, o que pode limitar bastante sua margem de manobra.  


Peso


O principal argumento do PSD na defesa da candidatura própria é o peso do partido no cenário municipal. Comandando a cidade entre 2005 e 2012, a legenda deixou sua marca no município, com obras realizadas e projetos importantes deixados para o sucessor dar sequência. No ano em que deixou o governo, os social-democráticos também elegeram a maior bancada da Câmara de Vereadores, fazendo quatro parlamentares. Para uma sigla deste porte é realmente complicado deixar de lançar candidatura em uma eleição para prefeito, pois há sempre um capítal político para ser mantido e alimentado.


Com a decisão PSD, é de se esperar um duelo de titãs na próxima eleição em Blumenau. Em um canto do ringue, o prefeito Napoleão Bernardes, que de um lado vai encarar o desgaste do poder e do outro capitalizar justamente os quatro anos de mandato e uso da máquina – em uma gestão de erros e acertos, que, por um lado, conseguiu superar desafios, mas por outro esbarrou em alguns obstáculos; no outro canto do ringue, Jean Kuhlmann, que concorrerá com o apoio da máquina estadual (ele pertence ao grupo de social-democráticos sentados à direita do governador Raimundo Colombo) e pode capitalizar justamente a parcela de desgaste imposta pelo poder ao principal concorrente. Derrotado por Bernardes na última eleição, Kuhlmann poderia virar opção para os eleitores que eventualmente venham a se arrepender da opção feita em 2012. Por outro lado, pode sofrer com o estigma de já ter perdido justamente para Bernardes.


Planetas e satélites


Entre eles, estará o PT, provavelmente com Ana Paula Lima, que foi bem na última eleição (por pouco não surpreendeu) e demonstra vontade de concorrer novamente. O partido tem também o vereador Jefferson Forest como opção em Blumenau, liderança proeminente que consegue agradar a gregos e troianos. Neste caso, contudo, poderia ser um erro estratégico comprometer o brilho de uma estrela ascendente lançando-a em uma eleição que tem tudo para ser uma fogueira gigantesca para o Partido dos Trabalhadores.


Gravitando a órbita destes planetas, estarão lideranças satélites com potencial de candidatura, mas que no meio do caminho poderão compor alianças. Nesta categoria estão nomes como Alexandre José (PRB), Arnaldo Zimmermann (PCdoB), João Natel (PMDB) e outros, que os nanicos eventualmente venham a cogitar.


Prepare-se, portanto, pois seguramente não vai faltar emoção na próxima eleição em Blumenau. Torcedores cardíacos devem tomar dose extra de calmante, inclusive, adverte o Ministério do Processo Eleitoral.




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