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CARNAVAL É BOM, MAS OKTOBERFEST É MELHOR
Sábado, 08 de Outubro de 2016

Desfile de escola de samba na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, é muito bom. É incrível, mágico, fantástico. Mas desfile de Oktoberfest na XV de Novembro, em Blumenau, é melhor ainda. Pelo menos para os blumenauenses, é claro. E para os visitantes daquela que, entre diferentes festas homônimas, acredita-se ser a maior depois da Oktoberfest de Munique, na Alemanha, na qual todas as outras, que marcam a colonização alemã no Brasil, na América e no mundo, buscam inspiração.


Longe de ter a pretensão de uma disputa, como ocorre na Sapucaí, o desfile oktoberfesteiro tem um objetivo bem mais singelo: mostrar um pouco da cultura que marcou a colonização de Blumenau. Nas fotos acima, feitas no desfile de abertura da festa este ano, alguns elementos desta cultura são ludicamente reproduzidos, com aparência e funcionalidade tão pitorescas que encantam a todos quando passam pela Rua XV durante os desfiles da Oktoberfest. O porco, que era base da alimentação dos colonizadores; o barco a vapor, que levava e trazia pessoas e mercadorias pelo rio Itajaí-Açu durante o século 19; a locomotiva, que no início do século 20 puxava o principal meio de transporte da região.


Comportamento


O espetáculo da Rua XV, que costuma levar milhares de espectadores para o centro de Blumenau, ressalta também o caráter de união, respeito e solidariedade que marca a colonização e se reflete no espírito da festa que hoje representa a cultura e o trabalho dos colonizadores. Durante o desfile da Oktoberfest a separação física que existe entre quem desfila e quem assiste é quase protocolar, afinal a pequena barreira de ferro montada ao longo da avenida não seria suficiente para segurar ninguém caso a multidão quisesse invadir o desfile para participar dele. Mas há um pressuposto de civilidade e respeito pairando no ar, responsável pelo controle das pessoas e da situação. É um verdadeiro carnaval da educação e da cidadania, em que cada um sabe exatamente onde termina seu espaço e onde começa o do outro.


A própria origem da Oktoberfest está ligada a este espírito de confraternização popular. De acordo com os registros históricos, a festa teria nascido no início do século 19, quando o rei da Baviera, região ao Sul da Alemanha, decidiu convidar toda a população de Munique para seu casamento. O sucesso da festa foi tão grande que ela passou a se repetir todos os anos, batizada de Festa de Outubro (Okroberfest, em alemão), recebendo hoje cerca de seis milhões de visitantes e inspirando eventos similares em diferentes partes do mundo, inclusive Blumenau, que tem a segunda maior Oktobesfest, com cerca de 500 mil visitantes a cada edição – este ano, nos três primeiros dias de festa, entre quarta-feira e sexta-feira, mais de 50 mil pessoas já passaram pelos pavilhões da Vila Germânica, onde ocorre o evento.


Mobilidade


Mas ainda é preciso oferecer melhor infraestrutura de mobilidade para os visitantes. Quem vem a Blumenau hoje para se divertir na Oktoberfest encara a rodovia Jorge Lacerda, a BR-470 e/ou o aeroporto de Navegantes, todos deixando bastante a desejar. Um terminal como o de Navegantes até seria suficiente, se ficasse em Blumenau e não estivesse com seus acessos viários tão defasados – quem chega ao aeroporto do litoral tem a impressão de estar chegando a uma vila de pescadores, não ao principal entreposto aeroviário da região, cujos acessos ficam todos congestionados nos horários de pico. A BR-470, por sua vez, avança a passos de tartaruga na duplicação e de lesma na recuperação, enquanto a Jorge Lacerda aguarda na fila para receber novo pavimento.


Blumenau, na parte que lhe cabe, precisa pensar em modais alternativos de transporte, tanto para os turistas quanto para os blumenauenses. Oferecer só coletivos urbanos tradicionais (geralmente defasados e pouco confortáveis) ajuda mas não resolve, apesar do reforço de linhas e horários nos dias de festa. Ônibus de turismo, microônibus,vans, quadriciclos, triciclos e derivados seriam ótima opção – principalmente considerando o conhecimento que já se tem para fabricar parafernálias móveis como as da Oktoberfest, estrelas dos desfiles da rua XV de Novembro.


Teleférico


Em uma cidade com tantas montanhas e beleza natural tão exuberante, também se deveria olhar com mais atenção para a possibilidade de um sistema teleférico. Já pensou um bonde suspenso ligando a Nova Rússia e o Parque das Nascentes ao Morro da Cia Hering e à Vila Germânica? Certamente seria sucesso tão certo quanto foi o teleférico de Balneário Camboriú – que contribuiu para livrar parte da cidade da exploração imobiliária predatória, inclusive.


Na década de 1970, quando o ex-prefeito Félix Theiss  assinou grandes projetos para Blumenau, a ideia chegou a ser debatida, mas morreu na casca. Mereceria ser ressuscitada.




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