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COMO REVOLUCIONAR TAMBÉM A INDÚSTRIA TÊXTIL
Quarta-Feira, 29 de Março de 2017

Entre o final dos anos 1980 e o começo dos anos 1990, a indústria têxtil de Blumenau
vivia um de seus piores momentos. Empresas tradicionais da cidade ameaçavam
fechar as portas, o parque industrial estava defasado e muitos empregos eram ameaçados de extinção. Com a concorrência trazida pela abertura do mercado
nacional, a entrada de produtos estrangeiros 
– principalmente asiáticos â€“ escancarou a falta de competitividade dos artigos nacionais e quase levou o setor à lona no país.

Ao contrário do que se imaginava, contudo, a indústria têxtil blumenauense se reinventou, fez alguns de seus maiores ícones ainda mais fortes – como a Hering, por
exemplo, que saiu de um estágio
pré-falimentar para criar a maior franquia de
moda do país – e manteve a condição de maior polo catarinense do setor,
ajudando
Santa Catarina a manter a condição de segundo maior pólo têxtil do Brasil. No início dos anos 2000, com a valorização do real ante ao dólar, as exportações despencaram e os dias difíceis voltaram, mas a força das têxteis blumenauenses falou mais alto outra vez e elas se revigoraram novamente, apostando no mercado
interno.

Agora elas querem manter a posição de vanguarda no setor e para isso recebem, nos dias 4 e 5 de abril, mais um circuito Abit/Texbrasil,  que nesta edição debaterá conceitos da Indústria 4.0 – como é chamada aquela que é considerada a quarta revolução industrial – no contexto do setor têxtil e de confecção. O conceito de Indústria 4.0 define o
processo pelo qual a tecnologia e as “
coisas†passam a interagir e produzir
conhecimento sem interferência humana. Seria mais ou menos como se numa fábrica
os
robôs e os softwares que os controlam pudessem definir entre eles quais os melhores caminhos para melhorar a produção, aprimorar a qualidade e maximizar os recursos, através de uma série de cálculos e avaliações autônomas. A autonomia de
interação entre
máquina e software hoje é o princípio que move o
desenvolvimento dos novos sistemas de computação cognitiva, entre os quais o 
IBM Watson, por exemplo, é o mais conhecido.

Crescimento

Com patrocínio do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário (Sintex), do Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC) e da Fiesc, o circuito
Abit/Texbrasil chega a Blumenau num momento em que Santa Catarina vê suas
exportações aumentarem
24,4% - acréscimo registrado em 2016 na comparação com
2015. O segmento de cama, mesa e banho, sozinho, viu as vendas ao exterior
aumentaram
19,2% e atingirem US$ 30,8 bilhões, com uma produção que chega a 800 milhões de peças ao ano.

– Para continuarmos mantendo posição de destaque no cenário nacional e obtermos mais competitividade no mercado global, é imprescindível que se estimule a cultura da inovação nas indústrias catarinenses – observa o presidente do Sintex,
Ulrich Kuhn.

O presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, também ressalta a importância da inovação no processo produtivo:

– Cada vez mais, aderir aos conceitos da Indústria 4.0 deixa de ser uma opção para se transformar em um requisito para a competitividade. Nossa indústria precisa
estar atenta e por isso eventos como esse são tão importantes – destaca.

Já a presidente do SCMC, Amélia Malheiros, observa que Santa Catarina tem uma tradição de pioneirismo a preservar:

– Nós fomos precursores em diversos aspectos na indústria têxtil e estamos carregando com muito orgulho a bandeira da inovação. O desafio é antecipar tendências e comportamentos futuros para gerar e compartilhar valor.

Investimento

É alentador e sobretudo auspicioso notar que um setor tão importante para a economia catarinense esteja de olho em transformações tão sensíveis da produção. Imaginar que a indústria têxtil pudesse cometer os mesmos erros do passado e comprometer novamente sua sobrevivência seria algo realmente assustador, pela importância do segmento no PIB de Santa Catarina.   

Mas vai ser mais importante ainda que o Brasil crie condições para que a indústria, e não só a têxtil, faça os investimentos necessários para adaptar seu parque às
transformações em curso. Afinal, num mundo em que estas transformações ocorrem
cada vez mais rápida e horizontalmente, não há muito tempo hábil para se
adaptar a elas. Quem não o faz com a rapidez necessária, acaba ficando para trás.

Quando os migrantes alemães Hermann e Bruno Hering trouxeram um tear de última geração
para Blumenau e criaram aquela que é hoje a maior empresa da cidade, em 1880, introduziram uma tecnologia que demoraria décadas para
estar acessível a concorrentes. Hoje, uma tecnologia que chega para o líder de um mercado chega quase simultaneamente a seus concorrentes, independente do porte de cada um. 

(Com informações da assessoria de imprensa do Sintex) 




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