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ENTIDADES EMPRESARIAIS QUEREM UNIR ESFORÇOS PELO VALE
Terça-Feira, 04 de Julho de 2017

A Associação Empresarial de Blumenau (Acib) e demais entidades empresariais do Vale do Itajaí filiadas à Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc) reúnem-se nesta quarta-feira, na sede da Acib, para trabalhar em torno do movimento Voz Única Regional. O encontro começa às 10h e tem o objetivo de levar a consenso sobre temas e demandas regionais, além de definir uma agenda com exigências e prazos junto a lideranças políticas da região. A expectativa é reunir representantes das 12 associações empresariais que fazem parte da regional da Facisc.

Através de iniciativas como esta, o Vale do Itajaí começa a superar uma de suas maiores deficiências na hora de obter recursos para desenvolver a região: a desunião dos municípios. Um pouco por influência da colonização alemã, que não estimula muito a cooperação entre vizinhos, um pouco por autossufiência dos municípios e suas economias pujantes, a região não desenvolveu o hábito de buscar soluções em conjunto. Enquanto isso regiões como a serra e o oeste catarinense, onde a colonização se deu de forma bem mais cooperativa, caminharam na direção contrária e nos últimos anos colheram resultados bastante consistentes encaminhando suas demandas em conjunto e reforçando sua representatividade. Obras com padrão de primeiro mundo como a recuperação de rodovias estaduais na região de Lages e a reforma que fez do aeroporto de Chapecó um dos melhores do estado mostram que onde há união há força – há dois meses o presidente da Acib falou sobre isso ao Análise em Foco, confira.

A busca de união entre a classe produtiva regional vem no momento em que a classe política também se mobiliza pela criação da Região Metropolitana de Blumenau, espécie de consórcio de municípios para criar algumas regras comuns e acessar alguns financiamentos específicos, voltados a projetos de mobilidade urbana e desenvolvimento sustentável  confira mais sobre a proposta. Somando-se as duas frentes de trabalho, portanto, pode-se produzir sinergia promissora. Afinal, quanto mais gente se une em torno de uma causa, maior as chances de se obter êxito com ela. Se esta união envolver o poder público e a iniciativa privada de forma sadia, então, melhor ainda.

Foco

Vai ser indispensável, contudo, que se tenha foco e objetividade na hora de se estabelecer as prioridades a serem apresentadas. Não adianta fazer um listão com as demandas de cada um incluídas, como um saco de lebre, gato, joio e trigo tudo junto e misturado. Aí ninguém levará a sério, tampouco haverá dinheiro para tudo. Na verdade será muito mais uma questão de definir o que não entrará na lista do que propriamente aquilo que vai fazer parte dela, afinal as demandas são muitas e a oferta de recursos para atendê-las limitada. É preciso, então, ir de encontro àquilo que tem maior abrangência em termos de impacto regional.

O anel viário de contorno do município de Gaspar, por exemplo, que desviaria o trânsito do Centro da cidade para quem se locomove entre o Vale e o litoral, é uma obra que tem reflexos para toda a região, acabando com os congestionamentos que se formam no município para quem trafega pelo trajeto. A estadualização da barragem de José Boiteux é outra iniciativa de interesse de toda a região, por sua importância na prevenção de cheias – o governador Raimundo Colombo já disse que o estado pediu à União a transferência da estrutura para a administração estadual, mas tanto ele quanto os municípios da região ficam reféns da burocracia e da falta de interesse do Planalto pelo assunto. Também não é preciso discutir muito sobre a importância da duplicação da BR-470, que, se não for cobrada regularmente pelos representantes do Vale em Brasília, só será concluída no dia do juízo final, com alguma sorte – neste caso é preciso cobrar também pelas obras complementares da duplicação, como vias marginais, elevados e viadutos, sem os quais a rodovia vai provocar novos transtornos para o trânsito e a mobilidade urbana da região. Na área de saneamento, a universalização da coleta e tratamento de esgoto é outra demanda urgente, para que se possa enfim despoluir a bacia hidrográfica do rio Itajaí-açu.

Reação

Mas igualmente importante, além da mobilização em torno das causas universais, vai ser a reação da sociedade em caso de resultado negativo na resposta das lideranças políticas locais. Não adianta pressionar agora para não fazer nada depois. É preciso levar receio a quem não se compromete com as causas regionais de interesse público. Neste sentido, está na hora do poder econômico e das forças sociais constituídas pensarem em produzir alternativas mais sustentáveis de representação política. Se os representantes de hoje não fizerem sua parte na defesa dos interesses locais, é recomendável pensar em substituí-los amanhã.

Um acompanhamento rigoroso daquilo que eventualmente for obtido também será imprescindível, pois sabe-se que a execução de obras públicas nem sempre obedece aos padrões de qualidade que se espera delas. Neste contexto, tão ou mais importante quanto lutar pelas demandas é acompanhar se elas serão atendidas corretamente. Afinal, de obras mal feitas e/ou incompletas, que trazem mais problemas do que soluções, a sociedade está cheia.

Desejemos todo sucesso do mundo, pois, às pessoas que estão tomando a frente desta luta que não é de A, B ou C, mas de toda a sociedade e de toda a região.




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