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SISTEMA DIGITAL DARÃ MAIS CONTROLE SOBRE CONSUMO E PAGAMENTO DE MERENDA
Segunda-Feira, 21 de Agosto de 2017

Há muito tempo que a tecnologia vem sendo grande aliada do poder público na busca por maior eficiência e economia. Principalmente na parte de arrecadação. Até alguns anos atrás, o Fisco levaria ainda anos para identificar inadimplentes e acrescentá-los à lista de devedores de impostos, por exemplo. Sem falar que seria preciso contratar batalhões cada vez maiores de servidores públicos para acompanhar o crescimento do país e da atividade econômica. Mecanismos rápidos, simples e acessíveis de transparência como há hoje, através dos quais qualquer cidadão pode acompanhar, ao ritmo de um clic no computador ou de um push no smartfone, a evolução do gasto e da arrecadação pública, então, seriam impensáveis há 20 anos no Brasil. O impacto da tecnologia na gestão das contas públicas, portanto, foi tão positivo e revolucionário quanto aquele provocado na democratização da informação e do processo de comunicação.

Por isso é muito bem vinda a iniciativa do poder público municipal de adotar controle digital do consumo de merenda nas escolas do município, que passarão a usar sistema de acesso eletrônico ao refeitório. Através de uma leitora ótica instalada na entrada da área de alimentação, o sistema identifica o aluno (através da impressão digital ou de um cartão magnético, dependendo da série) e imprime um ticket com o qual ele retira a merenda. Inicialmente serão adquiridos 27 aparelhos, ao custo de R$ 98 mil. Posteriormente outros 44 serão comprados, totalizando R$ 250 mil investidos no projeto.

– É importante destacar que o aluno poderá voltar e retirar outro ticket quantas vezes quiser para repetir. Não é, de forma alguma, uma forma de limitar o acesso à merenda, como chegou-se a dizer. É uma forma de ter mais controle justamente para melhorar a qualidade do serviço – destacou o prefeito Napoleão Bernardes, durante apresentação do equipamento na semana passada.

Contabilidade

A secretária de Educação do município explica que agora o pagamento da merenda para o fornecedor será feito com base no consumo exato de cada dia, medido pela expedição dos tickets – acompanhada em tempo real através do novo sistema eletrônico. Antes o levantamento dos valores a serem pagos era feito com base na lista de presença e na média do que era consumido para cada tipo de cardápio.

– Teremos um controle bem mais preciso a partir de agora – conclui Patrícia Lueders.

O servidor de carreira responsável pela gestão do novo sistema esclareceu, durante sua apresentação, que ele permitirá aprimorar também o cardápio servido nas escolas, pois haverá maior controle de todo o processo e isso permitirá maximizar recursos, tanto os logísticos quanto os financeiros. O novo mecanismo também cria a possibilidade de identificar as opções mais aceitas pelos alunos, observa a secretária de Educação, facilitando o melhoramento do cardápio do ponto de vista gastronômico e nutricional.

Códigos

Trata-se de proposta interessantíssima, é preciso reconhecer. Mas vai ser igualmente importante que o sistema seja suficientemente confiável, para que não se transforme em ferramenta à disposição de agentes mal intencionados. Afinal, a mesma tecnologia que revoluciona o mundo para melhor também cria oportunidades para quem prefere o caminho do mal.

Neste sentido, abrir os códigos do software que comanda o mecanismo para auditorias independentes é um dos caminhos a ser seguido para garantir mais controle e confiabilidade sobre o sistema. Perseguir metas de melhora do custo-benefício também, devidamente avaliadas por métodos transparentes e rigorosos. Gestão se assegura com gestão, então é preciso gerir com rigor e responsabilidade.

Continuidade

Quando se fala de merenda escolar em Blumenau vale ressaltar que há muitos anos ela já vem sendo sucessivamente aprimorada. Da gestão do ex-prefeito Décio Lima, que promoveu avanços consistentes na área educacional, passando pela de João Paulo Klerinübing e chegando à de Napoleão Bernardes, que também valorizaram esta área da gestão pública, chegou-se a um modelo que, se ainda não é o ideal, seguramente já está muito à frente de outros municípios brasileiros.

Esta é mais uma daquelas provas cabais de que não faltam recursos públicos no Brasil. O que falta é mais responsabilidade na hora de gastá-los e, principalmente, uma divisão mais justa dos impostos, que permita a quem arrecada mais ficar com mais – para isso basta inverter a pirâmide fiscal do país, deixando uma fatia maior dos recursos onde eles são arrecadados.

Desinteresse

Quem se locupleta das possibilidades que a concentração de recursos em Brasília cria, contudo, parece não estar nem um pouco interessado em fazer essa inversão extremamente sadia, que ajudaria o país a se desenvolver melhor e mais rápido.




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