Na semana passada, o Análise em Foco publicou editorial constatando a falência dos modais logÃsticos do Vale do Itajaà (Leia). A região, que no inÃcio do século passado se desenvolveu vigorosamente por ter uma hidrovia e uma ferrovia altamente competitivas, hoje padece do esgotamento das rodovias BR-470 e SC-470 (Jorge Lacerda), que, dependendo do trecho, do dia e do horário, já apresentam nÃveis de congestionamento comparáveis aos de metrópoles brasileiras, transformando o escoamento da produção local e a mobilidade da população em um pesadelo.
Com isso, empresas estão indo embora – como Bunge e Altona – e outras deixando de vir. Ou seja: o Vale está empobrecendo. No mÃnimo, deixando de enriquecer.
Para o arquiteto e urbanista Alfredo Lindner Jr., que enviou artigo lembrando o fato de que a duplicação da BR-470 já foi até licitada, a culpa pelo atraso da obra seria do próprio Vale do ItajaÃ. Da classe empresarial, inclusive, na avaliação dele.
Leia, a seguir, a opinião de Lindner sobre o assunto. E dê a sua também, concordando ou discordando. O importante é o debate, que tem espaço garantido aqui, no melhor portal de análise e opinião da Web.
VALE DO ITAJAÃ PAGA POR ERRO COMETIDO HÃ 12 ANOS
O Vale do Itajaà sofre, mas é o único culpado pelo seu isolamento e dificuldade de crescimento. Quando a BR-470 foi entregue ao Estado de Santa Catarina, há cerca de 12 anos, o então governador (Paulo Afonso Vieira - PMDB) encomendou ao antigo DER-SC (hoje Deinfra) o projeto-modelo de concessão da rodovia à iniciativa privada, pelo perÃodo de 25 anos.
E cumpriu a licitação, assinando, em 18 de dezembro de 1998, o contrato de concessão da rodovia. Alguns dias após, tomaria posse o então governador eleito Esperidião Amin (PP), que tinha legalmente trinta dias para assinar a Ordem de Serviço para o inÃcio dos trabalhos de duplicação, entre Navegantes e Campos Novos.
Ainda guardo uma cópia do cronograma e de todos os documentos da época. Resumindo: poderia dizer que hoje nós, blumenauenses, terÃamos um acesso em duas pistas duplas, entre a BR-470 e o Trevo do Sesi, e a BR-470 estaria duplicada além de Pouso Redondo, com todas as vias marginais de trânsito local na região de Blumenau.
Pois bem, o governador simplesmente se esquivou da assinatura, encaminhou o processo ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), alegando irregularidades - jamais esclarecidas -, até que, finalmente, em 29 de dezembro de 1999, o tribunal considerou o processo irregular, e a rodovia foi simplesmente "devolvida" ao Governo Federal.
As entidades empresariais e os polÃticos locais não se manifestaram. Na minha modesta opinião, começou aà a decadência da nossa querida cidade de Blumenau, e de todo o Médio e Alto Vale do ItajaÃ.
Apenas a cidade de Itajaà escapou, devido à globalização e incremento natural da atividade do porto. Mas também sentirá os efeitos da desastrosa decisão de 1999.
Por Alfredo Lindner Jr., arquiteto e urbanista