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KLEINÜBING FALA SOBRE OBRAS, CONCESSÃO DO ESGOTO E ELEIÇÃO 2012
Segunda-Feira, 18 de Outubro de 2010


Em entrevista exclusiva para o Análise em Foco, o prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinübing, reconhece publicamente, pela primeira vez, os nomes mais habilitados a obter a indicação do DEM para concorrer à sua sucessão , em 2012. Jean Kuhlmann é hoje o mais cotado, Ismael Santos e Marcelo Schrubbe também estão no páreo.


Kleinübing também volta a falar em concessão do esgoto e insiste: o modelo de parceria adotado em Blumenau não é uma privatização, mas uma parceria público-privada.


Em relação à implantação dos corredores de ônibus na cidade, o prefeito de Blumenau admite que muita gente ainda é contra, mas constata: não há outra solução para o transporte coletivo.


Hoje você confere a primeira parte da entrevista com JPK, na quarta-feira a segunda. Confira, a seguir:


ANÃLISE EM FOCO - Depois de passar boa parte do mandato recuperando a capacidade de endividamento do município e reconstruindo a cidade, a Sr. assinou recentemente um convênio de R$ 212 milhões com o BID, para obras de infraestrutura. Pode-se dizer que este é o melhor momento de seu governo?


JOÃO PAULO KLEINÜBING: Nós estamos avançando a cada ano na recuperação financeira da cidade. Os programas do BNDES, do Badesc e agora do BID, só foram possíveis porque temos planejamento para atender às exigências e saúde financeira para captar estes financiamentos. Isso deu muito trabalho, foram três anos, entre 2005 e 2007, para recuperar esta saúde.


Este é um momento extremamente importante, não só para o governo, mas para a  cidade, em que temos um planejamento para faze-la crescer em direção às regiões Oeste e Norte, onde estão as zonas livres de enchente, com mais estabilidade geológica e mais áreas disponíveis para o crescimento. Em especial depois de 2008, a cidade caminha nesta direção.


Só que ela é dividida ao meio pela BR-470 e pelo rio Itajaí Açu, e estamos fazendo um esforço para transpor estas duas barreiras. Então, temos um momento importante para a cidade, porque temos planejamento e capacidade para obter os recursos necessários para execução das obras.


São três programas integrados: Badesc está financiando o viaduto da Via Expressa; o BNDES os corredores de ônibus, o prolongamento da Humberto de Campos e a ponte do Badenfurt, além da segunda fase da reurbanização da Beira Rio e a passarela da Prainha; e o BID complementando todas estas obras, transformando a Pedro Zimmermann numa via urbana de fato, trazendo a marginal do Ribeirão Garcia, para permitir os corredores da região Sul.


Então, é um momento importante, sim. Porém, mais importante ainda, é seguir com o correto planejamento para executar todas estas ações.  


AEF - A gestão democrata já executou obras importantes em Blumenau, como a Vila Germânica, a nova ala do Hospital Santo Antônio e a conclusão da Via Expressa.  As obras previstas no convênio com o Bid são mais importantes que estas?


KLEINÃœBING: Elas não são mais importantes, pois todas as ações, em conjunto, são importantes para o crescimento da cidade. O que nós estamos conseguindo é interligar todas estas ações, até porque a Via Expressa está diretamente ligada à ponte do Badenfurt, na região Norte, por exemplo. O Hospital Santo Antônio era um marco de obra inacabada em Blumenau, e nós, de forma criativa, conseguimos concluí-lo e resolver a questão. Então é difícil dizer qual obra é a mais importante. É como perguntar qual o filho predileto. Não tem, todas são realizações importantes e juntas estão contribuindo para o crescimento da cidade.    


AEF - Parte dos blumenauense tem mostrado resistência em relação à implantação dos corredores de ônibus, que obedecem a uma tendência inexorável em cidades de grande e médio porte. Por que isso acontece? Como vencer esta resistência?


KLEINÜBING: Esta resistência existe e nós a reconhecemos, até pelo fato de que há uma motivação cultural por trás dela. Mas você não tem como fugir desta questão. Ela é tendência em toda cidade de maior porte que queira oferecer mais conforto e melhor mobilidade urbana a seus habitantes. É impossível ignorar esta realidade.


Mas acreditamos que, à medida em que as pessoas forem percebendo a melhora que os corredores trarão para o transporte público, essa resistência diminua.


Em primeiro lugar, a implantação dos corredores reduz o custo operacional do sistema. Se eu levo metade do tempo para fazer o percurso do troncal 10 (que liga o Terminal do Aterro ao Terminal da Fonte e recebe 60% dos passageiros), vou gastar menos combustível e isso terá impacto na tarifa. O velocidade média dos veículos vai subir de 15 km/h para 23 km/h, a mínima, de 9 km/h para 15km/h. O tempo de embarque, que no ponto da Beira Rio, em frente à prefeitura, chega a quatro minutos no horário de pico, vai cair para um minuto com a implantação das estações de embarque.


Com estas melhorias do sistema, você vai trazer de volta os usuários do sistema e ainda permitir uma redução simultânea do custo de operação. Como o valor da passagem é o custo operacional dividido pelo total de passageiros, a tarifa tenderá a ficar menor.


Importante observar também que, com uma maior regularidade do sistema, o acúmulo de pessoas em determinadas linhas e horários também tende a cair. Hoje você tem atrasos nos horários, e uma linha que deveria passar de cinco em cinco minutos pode demorar até 15 em função do trânsito. O resultado é um acúmulo maior de passageiros para o mesmo veículo.


E queremos discutir também a climatização dos veículos do sistema, que é uma questão controversa. Fizemos uma enquete, semanas atrás, junto aos usuários e praticamente a metade deles prefere andar com as janelas abertas, para evitar o ambiente fechado com muitas pessoas, desconfortável para muitas pessoas. Uma questão de saúde.


Mas a verdade é que a redução dos custos operacionais que as mudanças do sistema irão gerar permitem vislumbrar a possibilidade de se absorver o custo extra que a climatização geraria para as operadoras. Vamos discutir o assunto com a sociedade no ano que vem.


AEF - A concessão do esgoto também foi bastante criticada e até questionada judicialmente. Acabou liberada pelo Tribunal de Justiça e agora segue seu curso normalmente, sem as críticas ácidas de antes. Quando os blumenauenses começarão a sentir os efeitos benéficos da privatização do esgoto? Por que privatizar o serviço é melhor do que estatiza-lo?


KLEINÜBING: O serviço não foi privatizado, insisto nisso desde o começo. Privatizar é vender o patrimônio público, e não é isso que estamos fazendo, não estamos vendendo o patrimônio público. O que fizemos foi uma parceria público privada, em que buscamos um parceiro privado para executar aquilo que não podíamos. Daqui 30 anos, quando vencer o contrato, o patrimônio constituído pela concessionária será do município, caso não haja renovação.


A oferta de água a 98% da população continuará sendo feita pelo Samae, a concessão envolve apenas o esgoto, que não tínhamos. Caso fizesse a implantação do esgoto por conta própria, o que levaria muito mais tempo, o Samae também cobraria pelo serviço, como cobra pela água. A Casan faz isso hoje, e, para cada R$ 1 que se paga de água, outro R$ 1 é incluído na fatura para o esgoto. Aqui vamos ter R$ 0,98 de esgoto para cada R$ 1 de água, ou seja, vai custar mais barato.


Tenho certeza que foi a decisão política adequada, e em oito anos Blumenau vai ter 100% do esgoto tratado. E aí quem ganha é a saúde pública, pois, para cada R$ 1 investido em saneamento, economiza-se quatro com tratamento da população


AEF - Marcelo Schrubbe, Ismael Santos ou Jean Kuhlmann, quem é o melhor candidato à sua sucessão, em 2012?


KLEINÜBING: Todos os três são excelentes, e a escolha passa por uma decisão de grupo do partido, do DEM. Não só nossa, aliás, mas de todos os partidos que compõem a coligação. São três nomes factíveis, plausíveis, com uma extensa folha de serviços prestados à administração da cidade e que muito bem podem representar a continuidade da nossa gestão. Mas, ressaltando: esta é uma decisão que passa pelos partidos da nossa coligação.


AEF - Mas pesa aí a questão da densidade eleitoral, e, neste quesito, o resultado das urnas, nesta eleição, dá larga vantagem a Jean Kuhlmann, que fez quase 60 mil votos, reelegeu-se deputado estadual e deixou a cúpula democrata extremamente satisfeita, certo?


KLEINÜBING: Sem dúvida, mas ainda assim será uma decisão coletiva.


AEF - Eleger um sucessor fará diferença na hora de executar as obras previstas no convênio assinado com o BID?


KLEINÃœBING: estamos falando de obras que vão iniciar em 2011 e terão cinco anos para serem concluídas. Esta administração, então, vai executar 20% da obra, sendo o próximo prefeito, portanto, o responsável por conclui-las.


Por isso precisamos mostrar à sociedade a importância das ações que estão sendo empreendidas, até para que ela possa cobrar do próximo gestor a conclusão de cada uma delas, independentemente de que partido seja o próximo prefeito. O planejamento não é nosso, é da cidade, e ela vai ter que cobrar isso no futuro.  




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