Definitivamente, devo ser um chato. Um chato porque não consigo pensar uma sociedade segmentada, com cotas para negros em universidades, meia entrada para estudantes, benefÃcios para determinadas categorias no passe de ônibus, etc... Além de chato, sou um tanto utópico.
Acredito que, ao estabelecer cotas na universidade, desobriga-se os governos de perseguirem a qualidade na escola pública, que poderia dar igualdade de condições a todos (negros, pobres e todos os outros discriminados pela incompetência governamental).
A meia entrada dos estudantes faz com que os eventos fiquem mais caros para todos. E o pai de famÃlia, trabalhador, que, quiçá, também mereceria benefÃcio para ter acesso à cultura, fica de lado. Os beneficiados com meio passe ou gratuidade para andar de ônibus, oneram os demais que utilizam o serviço, inclusive o trabalhador assalariado que vê parte de seu salário consumido nas idas e vindas do transporte público. A segmentação privilegia alguns, onerando a maioria. Ela só se justificaria socialmente se beneficiasse todos os menos abastados.
Abordo o assunto para “polemizar†(espero que não), dizendo que também sou contra o Dia da Mulher. A razão da data, de luta, merece respeito. Mas será que elas, as maravilhosas mulheres (mães, filhas, esposas, amigas), merecem ser lembradas somente neste dia? Merecem ser respeitadas somente neste dia? Porque tenho para mim que assim como os governos se desoneram de ações reais de cidadania ao segmentar benefÃcios (aqueles sem visão estritamente social), uma data especÃfica faz com que muitos homens se derretam no dia dedicado à s mulheres e o utilizem como muleta para, naturalmente, no cotidiano, sem perceber, lhes faltem com o respeito durante o resto do ano.
Confira mais sobre o Dia Internacional da Mulher e outros assuntos na página do colunista FabrÃcio Wolff.