Análise em Foco > Personalidade
PARTE DO PROBLEMA ESTà EM NÓS, CRÊ SERVIÇO MUNICIPAL DE TRÂNSITO
Sábado, 08 de Agosto de 2009

Quem garante nosso direito de ir e vir? A Constituição Cidadã, aprovada em 1988? Ou seria o próprio morador de sua localidade? O fato é que, notoriamente, está cada vez mais difícil se locomover dentro dos centros urbanos. Nossa Blumenau não foge à regra.


Somos todos apaixonados por carro e moto. A modernidade nos trouxe a vantagem e o conforto (com o trânsito caótico, diria desconforto) do transporte individual. Embarcamos em um possante e, cheios de poder, o colega de trabalho, vizinho em muitas ocasiões, faz o mesmo, cumprimos o mesmo trajeto, casa-trabalho e vice-versa, entupindo as ruas de veículos, jogando no ambiente toneladas de monóxido de carbono - CO². E, com isso, o tempo que levamos até o destino final só aumenta.


E a quem cabe resolver este problema? Ao poder público? Há 10 anos não tínhamos a metade das vias urbanas. Hoje, derrubamos monumentos, desapropriamos moradias, destruímos o meio ambiente, tudo para “facilitar†o trânsito. Temos o transporte coletivo, que pode não ser o melhor do mundo, mas está melhorando a cada dia e, estamos certos, será, em um futuro próximo, a única solução viável para a mobilidade urbana. Dizemos isso baseados em projetos, como a implantação de corredores de ônibus, que ajudam a proporcionar maior agilidade ao ir e vir dos passageiros blumenauenses.


Precisamos acordar e debater a mobilidade urbana de Blumenau. Afinal, possuímos uma média elevada de veículos por habitantes - aproximadamente 1,7 morador para cada carro emplacado na cidade. Ah, prega-se então o desemprego, buscando fechar as empresas fabricantes de automóveis? Não! Deve-se buscar, sim, o uso racional do veículo: uso para o lazer, caronas solidárias, etc.Substituir o carro por bicicletas? Certamente uma alternativa interessante em breve, quando possuirmos nossa malha cicloviária interligada.


Tenho amigos que moram na Europa e eles relatam que lá já é comum as pessoas não terem mais carro. Usam transporte urbano coletivo e, no final de semana, alugam um veículo para viajar com a família, por exemplo. E notem que aqui esta prática também é viável, considerando que hoje você aluga um carro 1.0 por R$ 25,00, mais o combustível que gastar. Se calcularmos o custo de um automóvel considerando impostos, taxas, manutenção, seguro e depreciação do patrimônio, concluiremos que o aluguel de um automóvel acaba saindo mais barato.


Os custos de utilização do sistema viário também atingirão patamares proibitivos, incentivando o desenvolvimento e o uso do transporte coletivo. Em Londres, por exemplo, já se paga o equivalente a R$ 25,00 para entrar de carro no Centro da cidade. Caminhamos para chegar situação semelhante do Brasil.


Os prejuízos do trânsito causados pelo trânsito são vários. Vão desde litros de combustíveis fósseis queimados, sérios problemas de saúde a extermínio de pessoas, em vários acidentes. Cada fatalidade provocada por um acidente de trânsito custa, para sociedade, R$ 467 mil segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em Blumenau, até o final de julho deste ano, foram registradas 20 mortes. Mesmo sabendo que uma vida não se paga, estes óbitos, até agora, geram um custo aproximado de R$ 9,3 milhões dos cofres públicos.


Aí o individuo alega: eu tenho dinheiro e não me importo em torrar gasolina. Agora pergunto: ele também não se importa em perder a ereção (se homem), ou falta de apetite sexual (se mulher)? Ou sofrer um infarto, derrame, problemas respiratórios e dificuldade de digestão? O sistema de saúde (individual e coletivo), segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é o que mais sofre com o caos do trânsito.


É certo que precisamos de mais investimentos que tornem atrativos os demais meios de locomoção. Porém, não devemos esquecer que os principais causadores dos problemas de trânsito somos nós que, conscientes ou não, lotamos as ruas de veículos. Assim sendo, necessitamos, além de respeitar todas as leis, construir uma forma mais harmônica de convivência nas ruas de Blumenau.



Rudolf Clebsch, Diretor-presidente Seterb





+ Notícias
Todos os direitos reservados © Copyright 2009 - Política de privacidade - A opinião dos colunistas não reflete a opinião do portal