Análise em Foco > Personalidade
VALE DO ITAJAà AGUARDA ANÚNCIO QUE DECIDIRà FUTURO DA FURB E DA REGIÃO
Quinta-Feira, 11 de Agosto de 2011

No último dia 24, o Análise em Foco publicou editorial cobrando uma atuação mais decisiva da ministra Ideli Salvatti (PT), a catarinense que chegou ao centro do poder no cenário nacional e, nesta condição, portanto, tem muito a contribuir para o desenvolvimento de Santa Catarina e, principalmente, do Vale do Itajaí, que vive dias de dificuldade por falta de investimentos públicos (clique aqui e confira)


Lembramos naquele editorial que, com o amplo arsenal de cartas que Ideli agora tem nas mãos (e nas mangas), poderia ser decisiva no encaminhamento de questões mais decisivas ainda para a mesorregião do Vale do Itajaí, como a duplicação da BR-470 e a federalização da Universidade de Blumenau (Furb).


Na mesma publicação, escancaramos outro dado assustador: a economia de Blumenau vem perdendo força significativa e rapidamente no cenário catarinense, em função do afogamento logístico a que foi submetida. Sem investimento público, a ser viabilizado pela União, não haverá desenvolvimento, mostrou o AEF. Quem pesquisar no portal, verá que fizemos ainda outras cobranças à ministra (a última delas na coluna Boca Pequena)


Pois bem, eis que, ao que tudo indica, pode ter chegado a hora de agradecer à ministra e à presidenta, finalmente. Na próxima terça- feira, se os ventos não mudarem de força e direção bruscamente, deve ser anunciada a vinda do tão sonhado campus universitário federal de Blumenau.  


Ainda não está claro se será a Furb federalizada ou uma nova unidade, mas, de qualquer forma, será um anúncio importante para toda a região, carente de ensino superior gratuito e de qualidade.


AOS BLUMENAUENSES O QUE INTERESSA É A FEDERALIZAÇÃO DA FURB


É importantíssimo ressaltar, contudo, que o modelo mais auspicioso e racional de implantação da universidade federal em Blumenau é o da federalização da Furb. A instituição blumenauense, em cujas estruturas forjou-se boa do conhecimento que sustentou a pujança econômica do município, tem uma estrutura pedagógica, administrativa e técnica suficientemente qualificada para servir de base à instalação da unidade federal. Professores, servidores, alunos e prestadores de serviço formam uma cadeia estabelecida há 45 anos, originariamente constituída em torno do ensino gratuito. Ou seja, a Furb nasceu para ser pública, tem vocação para isso, e constituição jurídica também, visto que é uma autarquia do município.


Mas a Universidade de Blumenau tem algo ainda mais importante para oferecer ao sistema público no processo de federalização: a cultura edificante do blumenauense, um povo de cuja capacidade empreendedora já ficou redundante falar. Nos corredores, salas de aula e laboratórios da Furb estão guardados muitos pedaços do DNA alemão, que fez a região desenvolver-se muito acima da média nacional em décadas passadas.


Então, é evidente que a Universidade de Blumenau pode enriquecer, e muito, a máquina pública, além de reduzir drasticamente o custo de implantação do campus federal. Entretanto, o próprio reitor da Furb, João Natel Pollonio Machado, reconhece que a operação da federalização é desafiadora e complexa, por ser inédita no país. Nunca se fez isso antes no Brasil, por isso trata-se de um grande desafio para todos, da instituição e do governo.


VANGUARDA, PIONEIRISMO E SERIEDADE: MARCAS QUE FARIAM BEM PARA A MÃQUINA PÚBLICA


Acontece que vanguarda, pioneirismo e gosto por desafios são justamente as marcas mais consagradas da sociedade blumenauense. Sabemos muito bem o que é isso. Estamos acostumados a ter ideias bem fundamentadas e a fazê-las dar certo à base de muita tenacidade, persistência, capacidade de trabalho e seriedade.


Então, que venham aprender conosco, federalizando a Furb. O poder público certamente merece um reforço como este, qualquer time fica mais forte tendo um jogador deste nível. E a Universidade de Blumenau, o que ganha com a federalização? O orçamento do qual não dispõe hoje para seguir crescendo.  


A construção de uma nova unidade federal em solo blumenauense, por outro lado,  poderia marcar a introdução de uma cultura exógena no município. Com novos servidores, novos docentes e novos alunos (muitos de fora, como é típico nas federais), o ambiente social, cultural e acadêmico do Vale sofreria forte interferência, e isso poderia influenciar, positiva ou negativamente, aspectos da vocação empreendedora do Vale.    


A própria Furb poderá se ressentir duramente dos efeitos que a implantação de uma nova universidade, gratuita, causaria no mercado local. Os tempos já difíceis da concorrência com demais instituições de ensino ficariam ainda piores, de forma que a pergunta é inexorável: a instituição blumenauense sobrevive em um cenário como este?


O reitor da Furb, polido e elegante, diz que a presença da universidade federal em Blumenau fará bem de uma forma ou de outra. A verdade, no entanto, é que aos blumenauenses o que realmente interessa é a federalização da universidade que se tornou um dos símbolos do brilho empreendedor que as margens do rio Itajaí-Açu sempre irradiaram.


E A DUPLICAÇÃO DA BR-470, QUANDO SAIR�


Se a Furb for federalizada, portanto, a ministra Ideli Salvatti e a presidenta Dilma Rousseff merecerão o reconhecimento de toda a região – muito embora os políticos não façam mais do que sua obrigação ao atender demandas sociais.


Ficará faltando, se isso acontecer, a duplicação da BR-470, que está sufocando aos poucos e dolorosamente a economia do Vale do Itajaí. Caso a obra saia do papel, Ideli e Dilma talvez até ganhem estátua em praça pública – e muitos votos também, não resta dúvida. Caso não cumpram a promessa feita pela própria presidenta, melhor nem aparecerem mais por aqui. Boa sorte, portanto, senhoras!




+ Notícias
Todos os direitos reservados © Copyright 2009 - Política de privacidade - A opinião dos colunistas não reflete a opinião do portal