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FURB E UFSC: UMA PARCERIA INÉDITA E PROMISSORA
Quinta-Feira, 18 de Agosto de 2011

Dezenas de pessoas foram ao auditório da biblioteca da Universidade de Blumenau (Furb), na manhã desta quinta-feira, para ouvir o reitor João Natel Pollonio Machado, o prefeito João Paulo Kleinubing e o coordenador do comitê pró-federalização, Clóvis Reis, relatarem como foi a decisão do Ministério da Educação e Cultura (MEC) e do Planalto, de avalizarem a parceria UFSC/Furb. As instituições terão 30 dias para apresentar um projeto ao MEC, que permita instalar uma universidade federal em Blumenau (a terceira de Santa Catarina), tendo a Furb como embrião.


Para Natel, o processo da incorporação da Furb ao sistema federal é irreversível e teria apoio pleno da UFSC.


– É um caminho sem volta – disse o reitor para a plateia.


Ao final do encontro, ele pediu ao Colegiado e às unidades de ensino que definam imediatamente os cursos que inicialmente serão tutelados pela UFSC. Ele quer entregar esse e demais documentos da Furb ao reitor da UFSC, Alvaro Prata, já na próxima terça-feira, quando Prata e seu colegiado estarão em Blumenau para conhecer as instalações da Furb e dar início aos trabalhos de formatação da parceria.


Kleinubing observou que o primeiro anúncio da expansão da UFSC em Blumenau frustrou a todos. Mas, depois de mostrarem ao MEC que a medida não atendia à demanda de Blumenau e do Vale do Itajaí, que deseja uma presença mais forte da Furb e de sua história de 47 anos no processo de instalação da federal em Blumenau, os representantes do Vale conseguiram convencer o secretário do MEC, Luiz Costa, da singularidade jurídica da Furb, que é uma autarquia do município.


Além disso, a questão logística e financeira também foi destaque:


– O reitor da UFSC foi incisivo ao dizer que não teria condições de instalar um quarto campus, pois precisa consolidar os outros 3. Defendeu, então, que qualquer modelo deveria passar por uma parceria com a Furb – informou Kleinübing nesta quinta-feira.


Um grupo de trabalho Furb/UFSC/Prefeitura de Blumenau foi constituído e vai elaborar os próximos passos da parceria entre a Furb e a UFSC, amparado inicialmente pelos vários documentos levantados pela Furb e pelo comitê pró-federalização.


(Com informações da assessoria de imprensa da Furb)


OPINIÃO DO PORTAL


Como destacou o Análise em Foco em seu último editorial (clique aqui e confira), há males que vêm para bem. A não-federalização da Furb, que a princípio frustrou aos blumenauenses e seus vizinhos do Vale, pode acabar se tornando novo exemplo disso, um mal que veio para bem.


Isto porque o processo de fusão com a UFSC, agora em curso, certamente será mais saudável para a instituição blumenauense do que a federalização jurídica, que possivelmente levaria a uma intervenção mais vertical, de cima para baixo, eventualmente até conflituosa com os interesses da comunidade local.


A união com a UFSC, por sua vez, pode dar uma dinâmica mais horizontal ao processo, que não deixará de ser uma federalização, porém mais gradual e palatável. Até porque a Universidade Federal de Santa Catarina está em solo catarinense há meio século e por isso já incorporou bastante da cultura local, obviamente. Assim, o movimento de aproximação com a Furb pode encerrar bem mais sinergia e equilíbrio em si, facilitando sua absorção pela comunidade.


A decisão de unir as duas instituições de ensino também é racional, sobretudo. Com 40% de sua capacidade ociosa, aproximadamente, a Furb tem salas de aula, laboratórios, professores e logística administrativa prontos para operar pela UFSC. Isso torna a implantação do campus federal do Vale bem mais barata, rápida e harmônica.


LIÇÕES DO PASSADO DEVEM ORIENTAR MUDANÇAS DE CONDUTA PARA O FUTURO  


Agora, não se pode deixar de exigir que a Furb faça um rigoroso processo de avaliação interna para identificar falhas de gestão que, ao longo dos últimos anos, levaram a instituição a uma situação de dificuldade financeira. Se, por um lado, a abertura de concorrentes particulares tirou alunos e receita da universidade blumenauense, por outro ela permitiu que a corda fosse esticada até romper.


Afinal, enquanto acumulava índices de inadimplência que levaram a um calote de R$ 23 milhões por parte de ex-alunos, em valor de face, a Furb seguia investindo e ampliando sua capacidade, até chegar a uma dívida de aproximadamente R$ 10 milhões. Quem administra o próprio orçamento sabe muito bem que, quando as receitas estão previstas para entrar e não entram, é preciso cortar gastos para equilibrar as contas.


Não obstante, contudo, o crescimento da Universidade de Blumenau ajudava o Vale a se desenvolver, produzindo conhecimento e tecnologia de ponta para sustentar o avanço da economia blumenauense e dos municípios vizinhos. Por isso, e só por isso, ela merece o apoio que está tendo agora, de toda a sociedade.


Doravante, é hora de embarcar neste novo voo de desenvolvimento e progresso que deve passar pelo Vale do Itajaí com a semi-federalização da Furb. O momento é por demais auspicioso, não resta dúvida, só é preciso manter a cautela e o discernimento para produzir novos acertos sem, no entanto, repetir os erros já cometidos.


Se der certo, o projeto vai colocar Blumenau e o Vale novamente na crista da vanguarda e do desenvolvimento. Esta é a primeira iniciativa do gênero no Brasil, mas, como já disse o AEF em editorial anterior (clique aqui e confira), qualquer sistema público de gestão tem a ganhar incorporando a verve empreendedora e responsável dos blumenauenses.


E assim, fica faltando apenas a duplicação da BR-470 para que o governo federal salde sua dívida para com Blumenau e o Vale do Itajaí, que ensinaram o Brasil a crescer e prosperar mas acabaram abandonados. A virada, contudo, já iniciou. Que siga adiante.  




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