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A COPA DO MUNDO É NOSSA! E A OLIMPÃADA TAMBÉM
Sábado, 03 de Outubro de 2009

Dizem que Deus é brasileiro. Isso talvez seja um pouco de exagero, mas que Ele de fato parece gostar muito do Brasil é indiscutível. Nos últimos tempos, principalmente, é possível até que tenha vindo passar uns tempos por aqui. Veio cuidar mais de perto deste povo, tão sofrido e ao mesmo tempo tão feliz e tão guerreiro. E, pelo jeito, instalou-se em Copacabana, onde consegue trabalhar e descansar ao mesmo tempo. Pois seja bem vindo entre nós, Senhor.


O Brasil, nas últimas duas décadas, elegeu cinco presidentes e consolidou a democracia, atingindo níveis de equilíbrio institucional de primeiro mundo. Ganhou respeito lá fora com isso, principalmente depois que foi capaz de legitimar a vitória de um operário para a presidência da república. Os mandatos de Lula, que, por um lado, mancharam a imagem imaculada do PT e sua (desfeita) fama de partido tão eticamente valoroso, por outro deixaram claro para a comunidade internacional que este é um país que respeita a decisão soberana do povo, quando cristalizada através do voto. Afinal, muitos lá fora - e aqui dentro também - imaginavam que, quando os petistas chegassem ao poder, as oligarquias até então dominantes poderiam se movimentar para retomar o comando da nação.


Mas não foi o que aconteceu, e isso surpreendeu muita gente. Mostramos também que, mesmo alternando o poder, respeitamos contratos e acordos - o descumprimento destes era outro receio generalizado. Não houve confisco, a propriedade privada foi preservada.


Mostramos que temos bigode, que somos adultos de postura amadurecida, bem diferentes de muitos dos nossos vizinhos da América Latina, aliás. Deixamos os golpes para trás, chegamos a um nível de equilíbrio institucional mais próximo do Hemisfério Norte. E assim o mundo perdeu o medo do Brasil e de seus supostos comunistas.


SEM CRISE, FUGA DE CAPITAL, NEM FMI. E EM PAZ


Para coroar de uma vez a chegada do Brasil à condição de país amadurecido, atravessamos o furacão da crise financeira internacional ilesos. Nosso mercado consumidor mostrou força, nossas indústrias obtiveram atestado de competitividade e nosso sistema financeiro apresentou-se, definitivamente, mais sólido que o do primeiro mundo.


Não tivemos fuga de capital, pelo contrário, ele para cá convergiu em busca de segurança. Exatamente o oposto do que acontecia no passado. Não pedimos dinheiro emprestado ao FMI, emprestamos a ele. E, por fim e acima de tudo, mostramos que somos um país pacífico, que não ataca ninguém, que não busca poder e hegemonia pela força.


Foi esse conjunto de avanços que trouxe a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 para o Brasil. De certa forma, foi como o mundo conseguiu dizer para as nações do planeta como devem se comportar para que fiquem melhor e com isso melhorem também todo o sistema global. Foi um certificado que ganhamos, e que agora nos faz ser exemplo de conduta.


EXEMPLO, AGORA, DEVE MOTIVAR REFORMA POLÃTICA


O carisma do presidente Lula, claro, ajudou bastante, mas teria sido em vão se fôssemos o mesmo país de 20 anos atrás. As mudanças iniciadas de forma torta e traumática por Fernando Collor de Mello, que abriu o mercado interno, foram melhoradas, aprofundadas e redefinidas por Fernando Henrique e Lula. Os dois últimos cumpriram, na verdade, um grande mandato de 16 anos, pois souberam respeitar-se entre si e ao sistema democrático, dando continuidade e ritmo aos avanços necessários.


O resultado agora está aí. Nossa economia cresce, a inflação é baixa, os índices de pobreza e miséria foram drasticamente reduzidos e vamos sediar os dois maiores eventos da terra. O que nos falta agora?


Apenas uma coisa: ver nossa classe política nos respeitando também. Nossos representantes precisam valorizar mais o país em que vivem, leva-lo mais a sério.


Devem começar a pensar mais no coletivo do que no individual. Precisam de mais ética, mais valores, mais caráter. Bons exemplos já existem, tomara que deixem de ser a exceção e passem a ser a regra. O Brasil merece, não resta mais dúvida, e por isso vale  a pena aproveitar a boa fase por que passa, sendo reconhecido por todo o mundo, para fazer avançar a reforma política. Assim ira mostrar, definitivamente, que amadureceu a ponto de entrar para o primeiro mundo.


Por ora, no entanto, o momento é realmente de comemoração. O Brasil está de parabéns, chegou ao topo. Se antes éramos o país do futuro, agora já somos o país do presente.


 


Por Rodrigo Pereira, coordenador Editorial e Administrativo do Análise Foco.




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