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POR QUE MOTIVOS RÚSSIA E CHINA SÃO CONTRA INTERVENÇÃO NA SÃRIA?
Quarta-Feira, 22 de Fevereiro de 2012

OPINIÃO DO ANÃLISE


Com a China e a Rússia atravancando qualquer tentativa de intervenção na Síria de Bashar Al Assad, uma pergunta insinua-se de forma cada vez mais tonitruante: para que serve o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU)? Se mecanismos semelhantes foram usados em países como Iraque, Líbia e Afeganistão, por que não o podem contra um carniceiro responsável pela morte de mais de 8 mil pessoas? Por que há dois pesos e duas medidas, quando o problema é o mesmo (ditadores cruéis e sanguinários que não largam o poder)?  


São muitas, na verdade, as perguntas que ficam no ar ante à postura de russos e chineses no Conselho de Segurança da Onu. Assim como também são muitos os questionamentos sobre as reais vantagens que o Brasil teria ao ocupar vaga permanente no Conselho – desejo que vem sendo alimentado nas duas últimas décadas pelo Planalto e pelos diplomatas do Itamaraty. Mas o que teríamos a ganhar, de fato, fazendo parte de um grupo que sequer consegue ter coerência em suas decisões?  


Vejamos: os russos, que agora são contra uma intervenção na Síria, passaram as décadas de 1980 e 1990 despejando bombas sobre rebeldes separatistas que lutavam pela independência de ex-repúblicas soviéticas. Os chineses, por sua vez, punem delitos (de diferentes níveis de gravidade) com fuzilamento sumário dos infratores até hoje, e ainda mandam a conta para a família dos condenados. Por que raios de motivos ambos agora são contra medidas mais severas para acabar com a guerra civil que está praticamente instaurada no país de Bashar Al Assad?


Vale observar ainda que as inconsequências de  Assad, que já perdeu apoio até da Liga Ãrabe, podem acabar contaminando toda a Primavera Ãrabe, que vinha trazendo as primeiras brisas de democracia para o Oriente Médio e o Norte da Ãfrica. Afinal, de que adianta caçar Muamar Kadafi e deixar Bashar Al Assad belo e formoso, livre, leve e solto em seus palácios, após quatro décadas de poder e usurpação?


Alguma coisa parece não estar funcionando na gestão de um organismo internacional tão importante como o Conselho de Segurança da ONU. E de coisa que não funciona o Brasil já está cheio, senhores homens públicos e diplomatas. Pensem nisso, até porque integrar de forma permanente o órgão internacional máximo da comunidade mundial é brincadeira que pode sair bem cara, e já temos contas suficientes a pagar.




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