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ORIGEM DA CRISE ESTÃ NO CAPITALISMO OU NO ESTATISMO?
Quarta-Feira, 09 de Maio de 2012

O colunista Fabrício Wolff, na coluna Cotidiano, pondera sobre o que considera ser uma possível fadiga do capitalismo como sistema de organização social (clique aqui e confira). Na opinião dele, a insatisfação da população com as medidas de austeridade fiscal pretendidas pela França e pela Grécia seriam a demonstração de que alguma coisa não vai bem no reinado do capital. Conforme visão do colunista, a eleição do socialista francês François Hollande para a presidência da república e as reações políticas à proposta de enxugamento da máquina estatal grega mostrariam que o cidadão já não está mais disposto a ser tutelado pelos barões da produção industrial.


O raciocínio de Wolff pode enquadrar uma das possibilidades de análise dos eventos ocorridos na Europa, mas, na opinião do portal, o que estes episódios demonstram, na verdade, é justamente o contrário: que a esfera pública, sozinha, não consegue gerir de forma plenamente satisfatória todos os interesses do cidadão. A crise que vem do Velho Continente é fruto da gastança desenfreada e corrupta da Grécia e do paternalismo estatal exacerbado da França. Não foi originada na quebradeira de empresas e bancos, como em 2008, mas na irresponsabilidade dos gestores públicos, que acostumaram mal a população com privilégios coletivos (e particulares) e agora não conseguem mais pagar a conta do banquete.


No Brasil, que vem fazendo a lição de casa desde o início dos anos de 1990, por recomendação dos próprios “capitalistas†do Hemisfério Norte, os impactos da crise têm sido bem menores exatamente por que o Estado, embora ainda esteja grande demais, diminuiu de tamanho e abriu caminho para a iniciativa privada. O cortes que a presidenta Dilma Rousseff (PT) fez no orçamento da União, inclusive, logo ao assumir o cargo, caminharam nesta direção e não causaram nenhuma revolta popular, como está acontecendo com os europeus agora.


No fundo, o que está acontecendo é que eles nos recomendaram uma coisa e fizeram outra, como já observou o Análise em Foco em editorial anterior (clique aqui e confira). Receitaram remédio, mas tomaram veneno. O resultado agora está aí: ficou muito mais difícil reformar o Estado, como fez o Brasil há 20 anos. A mamata ficou grande demais e o berreiro dos leitões, no momento em que mamãe leitoa tentou interromper a fartura e desmamar os filhotes, ficou maior ainda. Parada dura de resolver.


E os franceses que não se enganem: o “socialista†François Hollande dificilmente conseguirá fugir da reforma. Prometeu peru aos eleitores e terá que entregar chuchu, pois, do contrário, seguirá afundando a França e, daqui a pouco, ela será a nova Grécia. Por isso, não é momento de querer culpar o capitalismo pela nova crise. Pelo contrário: é momento de fortalecer ainda mais a participação privada na gestão do bem público. Precisamos de mais executivos qualificados e menos políticos corruptos metendo a mão no nosso dinheiro.


Por isso o Brasil, se tiver juízo, vai aproveitar o momento para fazer uma nova reforma da máquina estatal e diminuir ainda mais o tamanho dela. Brasília e seus Demóstenes já são grandes e numerosos demais para caber em nosso bolso. Xô, leitoada, xô!




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