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EMOÇÃO MARCA CERIMÔNIA NO TEATRO CARLOS GOMES
Quinta-Feira, 21 de Fevereiro de 2013

A origem anglo-saxã deu-lhe frieza suficiente para não chorar, mas, reservadamente, o presidente do Teatro Carlos Gomes, Ricardo Stodieck, reconheceu que a emoção minou-lhe a resistência quando foi ao microfone para falar, no centro do Auditório Heinz Geyer. Era mais uma manhã quente e abafada de Blumenau, mas, ali, não havia desconforto algum, graças à eficiência do sistema de refrigeração de ar, que refrescava os cômodos do imponente imóvel. 


Os visitantes estavam todos muito confortáveis, portanto, absolutamente envolvidos pela atmosfera encantadora e mágica daquele que, para quem entende do assunto, é um dos melhores palcos teatrais do Sul do Brasil. Ali, castigado pela emoção que teimosamente tentava disfarçar, Stodieck agradecia com muita convicção, tanto ao Ministério da Cultura quanto às empresas que, através dos incentivos da Lei Rouanet, investiram na última etapa da reforma que remodelou o maior símbolo da cultura blumenauense, ao longo de mais de uma década de obras.


– Precisamos fazer um agradecimento especial ao Ministério da Cultura e às empresas Cia. Hering, Souza Cruz e Weg – discursou o presidente do TCG.


Já o ex-prefeito Félix Theiss, presidente do Conselho Administrativo do teatro, foi menos forte diante da emoção e acabou sucumbindo mais visivelmente a seus efeitos. Se não chegou às lágrimas, acabou com a voz sensivelmente embargada e desmanchou-se:


– Nada engrandece mais a alma do que a cultura, que cria mais energia, que cria mais vigor. E a sonoridade deste palco é uma das que mais engrandece a arte no Sul do Brasil.


Pois tem toda razão o ex-prefeito. Cultura é exatamente isso, e o TCG de Blumenau é, sim, um grande símbolo da cultura no Sul do país. Não resta a menor dúvida disso, não há quem possa refutar tal ponderação.


A emoção que acometeu duramente a todos que estiveram no Auditório Heinz Geyer na inesquecível manhã desta quinta-feira fez ainda outra vítima. Ao microfone, o diretor-executivo da unidade blumenauense da multinacional Souza Cruz, Paulo Kuroski, concluiu:


– É o orgulho por Blumenau que faz momentos especiais e de emoção como este acontecerem. O que fazemos é agradecer pelo que a cidade faz pela empresa.


Um dia inesquecível


Quem esteve no Auditório Heinz Geyer na manhã desta quinta-feira provavelmente não esquecerá jamais este dia. Depois de uma visita aos novos banheiros e camarins do teatro, as cerca de 50 pessoas que estiveram no evento tiveram a honra de pisar no palco principal da casa para assistir, face a face, a três apresentações muito especiais: o pianista Thiago Mondini, o grupo de sapateado do Carlos Gomes e um solo hilariante de um dos atores da escola de teatro do TCG.


Um momento único, emocionante e certamente inesquecível. Para quem gosta de arte, uma prova fina e cabal de que Blumenau tem, sim, uma veia artística bem saliente.


As apresentações mais do que especiais foram a parte mais marcante da cerimônia que marcou o fim da última etapa de recuperação do Carlos Gomes. Ao todo, foram investidos R$ 6,2 milhões em obras e equipamentos, que, na opinião do presidente da sociedade teatral blumenauense, tiraram a estrutura do século 19 e a colocaram no 21, sem deixar de preservar suas características históricas.


– As instalações do teatro estavam com uma aparência fúnebre. Hoje inspiram quem vem aqui – comentou Ricardo Stodieck durante o evento.


Além da remodelagem dos camarins, a estrutura cênica do Carlos Gomes ganhou novos suportes de iluminação e cenário, tornando-se mais versátil e completa. Recebeu também um piano de cauda alemão Steinway Grand Concert, que certamente fará muito bem aos ouvidos de quem for ao teatro para ouvi-lo. Ao longo de uma década de investimentos na recuperação, o TCG contou com o apoio de outras empresas e instituições, como Altenburg, Badesc, Bradesco, Bunge, Eletrobrás, Eletrosul e Karsten, que investiram no projeto através da Lei Rouanet.


Yes, nós queremos cultura


O coordenador cultural do Teatro Carlos Gomes, Rodrigo Dal Molin, observa que o público de Blumenau e região vem dando retorno aos investimentos que foram feitos na melhora da estrutura. Segundo ele, a oferta de espetáculos no teatro aumentou 20%, enquanto a média de público teria subido 30%.


– Alguns espetáculos, como stand up comedy e shows musicais de expressão, por exemplo, têm ocorrido sempre com casa lotada – informa.


O blumenauense, então, é capaz de trocar o x-salada e o chope pelo teatro? Na opinião de Dal Molin, sim. Desde que seja estimulado a isso, claro, com a oferta de opções variadas e, sobretudo, de qualidade.


O musical Orfeu 21, por exemplo, que teve duas temporadas lotadas, já planeja a terceira, e com uma novidade: através de uma parceria com o governo do estado, a produção 100% blumenauense vai receber em seu público os estudantes da rede estadual de ensino.


– Atraindo este tipo de público, vamos formando gerações futuras de frequentadores do teatro e isso acaba estimulando a produção artística – constata o coordenador cultural do TCG.


E assim, forma-se um ciclo virtuoso em que todos ganham: artistas, produtores e espectadores. Parabéns, portanto, a todos que se envolveram e seguirão se envolvendo nesta transformação profunda, devolvendo à cultura blumenauense boa parte do brilho perdido. É bom ver Blumenau, mais uma vez, dando exemplo.  




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