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NAPOLEÃO RESISTE, ENQUANTO DILEMA PERSISTE
Quinta-Feira, 14 de Março de 2013

O que era para ser apenas uma obra de importância capital para Blumenau, acabou transformando-se num enorme dilema técnico e político. Na prática, a primeira encruzilhada mais severa a desafiar a capacidade de articulação do jovem prefeito Napoleão Bernardes (PSDB). Com o posicionamento da Associação Empresarial de Blumenau (Acib) em relação ao projeto da nova ponte que deve ser construída no Centro da cidade (clique aqui e confira), o tucano acabou tendo, de uma hora para outra, que escolher entre dois caminhos: acatar a opinião de uma entidade que, historicamente, ajuda a determinar os rumos da cidade, ou seguir em frente com sua proposta de contrariar esta posição, deixando-se orientar somente por suas próprias convicções. É um duro dilema, que possivelmente deve estar tirando algumas horas de sono de Bernardes.


À boca pequena, comenta-se que o prefeito estaria determinado a seguir com o projeto que muda a ponte de lugar. Uma postura que, diga-se de passagem, é absolutamente legítima, embora polêmica. Afinal, ele é o comandante do Executivo e, por isso, nada mais normal que relutar em ceder a pressões de segmentos. Até porque, cedendo a um, é possível que seja assediado para ceder a outro, e assim sucessivamente. Por isso, ninguém poderia desejar que mudasse de ideia imediatamente, após o anúncio da Acib. Talvez não fosse nem prudente agir assim, pois quem acreditaria em sua autoridade depois?


Clareza insuficiente


O problema é que, até o momento, a atual gestão ainda não deixou claro o bastante para a sociedade quais são os fatores lógicos que a levam a concluir que a mudança tornará o projeto mais eficiente. Se chamasse os veículos de comunicação, por exemplo, para explicar claramente quais são estes elementos, certamente ficaria bem mais fácil para o prefeito convencer a opinião pública. Da forma como está sendo conduzida a questão, contudo, acaba-se até sugerindo alguma teimosia, por mais que não seja este o caso.


Vale ressaltar que os defensores do projeto original, da mesma forma, também não esclarecem de forma mais objetiva e clara quais são os reais parâmetros que embasam seu posicionamento. Também poderiam chamar os veículos de comunicação para esclarecer melhor a motivação de seus argumentos. O que já observaram, contudo, é que as ruas Alwin Schrader e Paraguai, que ligariam as duas margens do rio Itajaí-Açu através do novo traçado proposto para a ponte (imagem acima), têm cotas de alagamento inferiores às ruas Rodolfo Freygang e Chile, que fazem esta ligação no traçado original. A proposta de mudança também geraria, de acordo com seus críticos, um custo mais alto, por implicar na necessidade de se desapropriar terrenos. Traria ainda o risco de embargos ambientais, pois seria preciso desbastar e terraplanar áreas verdes.


São todos argumentos plausíveis, há que se reconhecer, embora precisem ser melhor tabulados e apresentados. Que o poder público apresente também os seus, então, e, deste embate retórico saudável e democrático, possa surgir o melhor projeto para os blumenauenses.


Prazos e projetos


Na verdade fica até difícil imaginar, a esta altura dos fatos, que a prefeitura ainda tenha alguma dúvida sobre o posicionamento da nova ponte. Como a licitação precisa ocorrer em outubro, conforme estabelece o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), financiador da obra, seria preciso já estar trabalhando no novo projeto para não correr riscos  na hora de cumprir o prazo. Um projeto executivo deste porte, afinal, não se faz de uma semana para outra, então os meses passam como dias e o relógio anda contra todos.


Que a conotação política do debate não fique maior do que a técnica, portanto, e a população não seja mais uma vez prejudicada pelas idiossincrasias de seus representantes e lideranças. Assim, se a gestão municipal estiver com a razão, que possa ser bem sucedida em seus planos e projetos. Se estiver equivocada, no entanto, que tenha a nobreza de reconhecer eventuais erros, ouvir a comunidade e mudar de opinião.


Juízo e bom senso, portanto, senhores.




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