OPINIÃO DO ANÃLISE
A foto que abre esta página tem um valor especial. Vale pelo conceito, pelo significado, pela simbologia que traz consigo, denotando um tipo de comportamento condizente com aquilo que se espera do gestor público.
Ocorre que o prefeito Napoleão Bernardes (PSDB) e o secretário de Turismo/Presidente da Vila Germânica, Ricardo Stodieck, estão no centro de uma divergência que se transformou em espécie de pivô de um embate técnico e polÃtico instaurado na cidade. De um lado, aqueles que defendem uma mudança de traçado para a nova ponte que será construÃda no Centro de Blumenau – entre eles, o prefeito. Do outro, os que consideram a manutenção do traçado original como melhor alternativa, principalmente por já ter sido aprovado por organismo internacional de financiamento. Neste grupo, está o secretário.
Por uma ótica mais jocosa e mal intensionada, poder-se-ia até levantar as hipóteses de sempre: que o governo está rachado, que o prefeito não exerce liderança, que a sociedade (através de suas entidades representativas) não o apóia – em tempo: Stodieck posicionou-se a favor do projeto original na condição de presidente do Conselho Deliberativo da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), entidade tradicionalmente influente nas decisões de governo no municÃpio.
Uma análise mais leal e bem intensionada, no entanto, mostra justamente o contrário: que a atual gestão e os indÃvÃduos que fazem parte dela sabem conviver com as diferenças e estão dispostos a estimular um debate sadio. Isso, por si só, já é bom sinal, pois espÃrito de civilidade e inclinação democrática nunca serão demais para um gestor público.
Leveza e convergência de espÃrito
Bernardes e Stodieck passearam juntos por cerca de 30 minutos na tarde do dia 17, misturando-se ao povo e caminhando descompromissadamente pelo Parque Vila Germânica. Naquele domingo, muitos blumenauenses haviam deixado suas casas e apartamentos para curtir a tarde amena, cheia de atrações, na Vila de Páscoa, onde os dois agentes públicos estavam. Por ali, eles caminharam sorridentes, cumprimentaram muita gente, foram assediados, conversaram bastante. Uma bela cena, não resta dúvida.
Nela, vê-se que divergências do campo ideológico não precisam necessariamente contaminar relações da esfera pessoal, de forma que um debate acalorado como o da nova ponte pode, sim, transcorrer em tom democrático e civilizado.
Que estes dois senhores (e as instâncias que eles representam) sigam com o juÃzo no lugar, portanto, para não deixar que toda esta postura ora elogiável acabe terminando como um oportunismo condenável, retardando o processo de tramitação do projeto da nova ponte e prejudicando a cidade.
Afinal, o tempo está passando, os prazos estão se esgotando e é preciso tomar decisões rápidas. Que se defina logo, então, quem está com a razão, e se prossiga com o jogo. Daqui a pouco chega a prorrogação com o placar no zero a zero e aà vai ser aquele “Deus nos acuda†de sempre, com o resultado que todo cidadão conhece bem: obras que nunca saem do papel ou, quando saem, são concluÃdas à s avessas.
Rezemos, pois, para que isso não ocorra novamente, e aos nobres senhores agora obervados e reconhecidos, façamos também um reforçado e encarecido pedido: juÃzo, muito juÃzo.