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SEM NOSTALGIA
Sábado, 25 de Maio de 2013

Análise em Foco - A próxima sessão da Câmara de Vereadores o Sr. já deverá presidir na nova sede do Legislativo. Para quem passou tanto tempo no antigo espaço vai rolar algum sentimento de nostalgia? O Sr. sentirá saudades da praça Victor Konder?


Vanderlei de Oliveira: Creio que não, porque nestes anos todos que estou na Câmara de vereadores já tinha a expectativa de que, mais dia menos dia, nós teríamos que deixar aquele espaço para a própria prefeitura e para o poder Judiciário. Então, creio que não vou sentir nenhum pouco de nostalgia ou falta daquele espaço, porque já tinha a expectativa de que isso aconteceria um dia, e este dia é 28 de maio.


AEF - A mudança para a nova sede gera controvérsia: há quem diga que o novo espaço servirá apenas para aumentar custos, há quem acredite que ele trará mais qualidade e independência para o trabalho do Legislativo. O que vai realmente mudar, afinal, no cotidiano do Legislativo?


Oliveira: O que vai mudar é que agora estamos num espaço adequado, que não vamos mais estar dividindo com outros dois (o Executivo e o Judiciário, como ocorria anteriormente,no prédio da Prefeitura). Este espaço agora é do poder Legislativo, de forma que, assim, poderemos fazer a programação, a previsão e a projeção de como melhor utilizar este espaço para o atendimento do poder Legislativo e da população que tanto depende e procura o poder Legislativo.   


AEF - Caso o vereador Vanderlei de Oliveira fosse o presidente da Casa no final do ano passado, quando o martelo da mudança foi batido, teria mantido a decisão?


Oliveira: Teria, até porque quando o martelo foi batido para a mudança da Câmara de Vereadores esse martelo foi batido depois da análise de todas as possibilidades colocadas à disposição, e depois da avaliação feita pela Comissão de Avaliação da própria prefeitura, constatando que este espaço era o mais adequado, juntamente com os servidores da Casa e o quadro que administrava a Câmara de Vereadores. Foi constatado também que este espaço era o que custava o menor preço. Além da adequação, portanto, havia a questão do preço, dentro daquilo que está colocado documentalmente hoje na história da Câmara de Vereadores. Então, fatalmente eu teria batido o martelo nestas condições.


É claro que, de repente, se fosse uma condição diferenciada, no meio de gestão, quem sabe já no ano passado ter preparado os processos licitatórios para montagem da Câmara muito mais rápida do que aconteceu agora, neste período, até porque como eu assumi a Câmara em 1º de janeiro. Somente a partir do dia 14, quando me reuni pela primeira vez com a nova Mesa Diretora, foi quando tive a oportunidade, com a Mesa, de bater o martelo para que todos os procedimentos fossem tomados o mais rápido possível para a mudança.


AEF - Um dos principais argumentos para justificar a necessidade de mudança é o que se diz ser uma condição mais adequada do novo espaço para receber o cidadão. Mas a falta de estacionamento, por exemplo, não seria justamente uma dificuldade a mais para quem deseja ir ao Legislativo?


Oliveira: Com certeza absoluta, não. Neste local nós teremos mais espaço para estacionamento, no mínimo três locais: dentro da Câmara, nos fundos do prédio; um espaço na frente da Câmara, que está sendo articulado pelos servidores do Legislativo; um espaço cedido ao fundo, na rua Alwin Schrader, onde teremos a possibilidade de garantir estacionamento. Além de o nosso entorno aqui na Câmara de Vereadores ser um espaço de pouca ocupação por parte da nossa população. Temos aqui ainda o entorno do Expresso (estabelecimento comercial, localizado no Biergarten), local que pode ser ocupado.


AEF - O Sr. tem se notabilizado pela forma precisa, bem articulada, objetiva e rápida com que preside as sessões do Legislativo. O Sr. treinou para ser presidente da Câmara de Vereadores de Blumenau?


Oliveira: Não, não treinei. Na verdade a vida me preparou. Nos meus longos anos de Câmara de Vereadores, a minha condição de advogado, o meu jeito de ser, juntamente com a estrutura que a Câmara de Vereadores me coloca à disposição, me dá esta condição de tocar com tranquilidade. Entendendo o nosso Regimento Interno, entendendo a Lei Orgânica do município, entendendo a Lei de Responsabilidade Fiscal, entendendo nossa Constituição e entendendo o parlamento. Sei que estou dentro de um Poder, e tenho responsabilidade de falar neste momento por este Poder. 


AEF - Em relação ao quadro político do município, que tem no tabuleiro do Legislativo um de seus principais termômetros, o Sr. acha que há mudanças sensíveis de cenário ou continua tudo como sempre foi?


Oliveira: há uma mudança sensível de cenário. Diferente do que eu encontrei na Câmara de vereadores nos dois últimos dois mandatos. Nos primeiros quatro anos, o comando do Executivo sobre o Legislativo, em que nós éramos três vereadores de oposição contra 12 submissos ao Executivo. Nos dois anos seguintes o Executivo ainda manteve esta maioria. Nos últimos dois anos, no entanto, com o racha que aconteceu na base do governo, com a eleição da nova mesa diretora da Câmara de Vereadores, o Executivo já não encontrou tanta facilidade em passar aquilo que ele queria, como já tinha passado, incluindo algumas aberrações. A Câmara começou a adquirir autonomia.


Agora, nesta legislatura, muito mais autônoma fica a Câmara de Vereadores, até porque as forças políticas estão devidamente divididas, digamos assim, em blocos políticos. Um bloco de governo, com seis vereadores; um bloco de oposição moderada, que é o bloco PSD/PR, que era do antigo governo, e um bloco de oposição, que hoje comanda a Câmara de Vereadores, tem a presidência da comissão de Constituição, Legislação e Justiça, o corregedor da Casa. Naquilo que é importante para a cidade, no entanto, as coisas têm acontecido talvez até com mais rapidez que acontecia nos comandos anteriores da Câmara. A minha experiência e a confiança com que os meus pares têm me tratado tem me permitido seguir o trabalho e fazer com que coisas sejam aprovadas rapidamente, em virtude do interesse que a cidade de Blumenau tem nestas matérias que nós temos aprovado.   


AEF - PT e PSD podem realmente estar juntos em 2014, em Santa Catarina?


Oliveira: Não, de forma nenhuma. O PSD pode até estar tentando dizer que está junto com o governo federal, que estaria, em tese, apoiando o governo federal. No entanto, PT e PSD, em Santa  Catarina, tem diferença de água e óleo, não vão se misturar jamais. Enquanto o PSD continuar com o DNA político que lhe foi dado ao longo da história, com certeza os dois partidos não estarão juntos, estarão em lados postos. Talvez o PSD, oportunisticamente, querendo dizer que vai se agregar ao governo Dilma. Mas esta possibilidade não é real. Na verdade, é vontade do PSD em Santa Catarina, para se manter, eventualmente, no poder, com seus mandos e desmandos, como foram os mandos e desmandos na cidade de Blumenaunos oito anos em que o DNA do PSD comandou a cidade.  


AEF - E em 2016, em Blumenau?


Oliveira: Em 2016 com certeza estaremos em lados opostos. Estaremos fazendo e trabalhando num projeto de cidade. Com certeza um projeto de cidade que terá o PT, terá o PSD, o PSDB, o PP, o PMDB. Esta roda da vida real da política vai rodar e nas proximidades de 2016 as coisas ficarão muito mais claras. Neste momento, no entanto, temos outras prioridades para trabalhar, em prol da nossa cidade e da nossa região.


AEF - Em relação a seu desejo de concorrer a prefeito, aliás, ainda alimenta esperança? Tem tratado disso com demais tendências do partido no município?


Oliveira: Na política não pode ser exatamente do jeito que a gente quer, tem que ser como a conjuntura nos permite. Já lutei para ser candidato a prefeito e não abdico desta condição até porque tenho desejo e gostaria de um dia dar uma contribuição ainda maior para minha cidade, de dar uma contribuição ainda maior para o meu estado. Quem está na chuva é para se molhar, se estamos na vida pública vamos tentar a cada momento angariar espaços e implementar a nossa luta.


AEF - Caso tenha o desejo de concorrer tolhido novamente, pretende seguir fiel à legenda?


Oliveira: eu só faço política do jeito que faço porque faço no Partido dos Trabalhadores. Não fosse no PT, com certeza não poderia fazer política da forma austera do jeito que eu faço. Ainda hoje, dentro dos 29 partidos políticos que consigo localizar no Brasil, pouquíssimos me permitiriam fazer política do jeito que eu faço. Ou porque não têm estrutura para dar apoio, não têm quadros suficientemente qualificados ou não tem uma história construída como a que tem o Partido dos Trabalhadores.  


AEF - Por último, que mensagem o presidente da Câmara de Vereadores deixaria para os cidadãos que desejarem procurar o Legislativo após a mudança de sede?


Oliveira: A mensagem para nossa população é de que o cidadão que precisar da Câmara de Vereadores diretamente vai ter a Câmara de Vereadores, a Mesa Diretora e os 15 vereadores e a estrutura da Câmara à disposição. Aquele que não precisar da Câmara de Vereadores diretamente pode ter certeza de que nós, enquanto vereadores, e eu, enquanto presidente, estarei aqui, continuo aqui, com austeridade, continuo aqui tratando da vida real do nosso povo, procurando fazer o bem para a nossa população, dentro deste espaço, do Poder Legislativo. O poder Executivo que faça seu papel e cumpra as suas finalidades, o Poder Judiciário que cumpra suas finalidades. Eu, enquanto dentro do Poder Legislativo, vou respeitar uma história da humanidade que é a história da separação dos poderes.  




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