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O BRASIL QUER MAIS DO QUE ESMOLA
Terça-Feira, 18 de Junho de 2013

Como diria a vovó de quase todo brasileiro, no alto de sua sabedoria decana e nada modesta, “enquanto eles estão indo com o trigo, eu estou voltando com o pãoâ€. Desde que foi lançado na Web, no dia 20 de julho de 2009, o Análise em Foco vem alertando, em seu editoriais, que o populismo demagógico, irresponsável e inconsequente que contamina a governança pública no Brasil empurra o país para o abismo e, num futuro mais breve do que se pode imaginar, levará a nação ao colapso econômico, político e, o que é pior, institucional. Enquanto todos iam com o trigo, nós voltávamos com o pão, portanto. Por mais de uma vez, constatamos: só não vê isso quem não quer. Abram o olho, senhores homens públicos, sugerimos em diferentes ocasiões.


Pois eles não abriram – afinal parecem não dar ouvidos para ninguém – e o resultado está aí, com o povo indo às ruas para dizer que, do jeito que está, não pode mais ficar. E não pode mesmo. Com o país torrando suas divisas através do inchaço e do aparelhamento do Estado, do assistencialismo estatal e do proselitismo político, caminha-se rapidamente para o fundo do poço e, caso nada seja feito, os brasileiros seguramente terminarão afundados na lama, para, aí sim, ter pouquíssimas chances de sair dela.


O aspecto positivo, desta vez, é que a sociedade parece ter percebido isso e, cansada de esperar pelo bom senso e comprometimento de seus representantes, decidiu botar a boca no trombone para dizer aos gloriosos homens públicos desta grande nação que o fato de terem sido colocados no poder pelo voto não lhes dá o direito de fazer o que bem entendem com um patrimônio que é de todos. Os brasileiros decidiram deixar bem claro que sabem, sim, o que é melhor para o país e que estão dispostos a brigar por isso. E estão agindo muito bem, pois só assim construirão uma pátria efetivamente justa, soberana e livre.  


Verdadeiro protesto deve ocorrer em 2014


Será importante que os protestos em curso não parem nas ruas, contudo, e sigam até as urnas, em outubro do ano que vem,  quando os brasileiros forem eleger um novo presidente da República. De nada adiantará protestar agora para votar da mesma forma irresponsável e inconsequente em 2014, conduzindo ao poder as mesmas figuras e projetos de sempre. É preciso dar uma guinada de 180o, rever paradigmas, buscar um novo enquadramento para as doutrinas de governo no país. É preciso mudar, e urgentemente. Neste sentido, o melhor dos cartazes já expostos até agora pelos manifestantes dizia o seguinte: povo mudo não muda. Uma frase tão objetiva e clara quanto inquietadora, além de oportuna e promissora, por mostrar que a sociedade está acordada e de olhos bem abertos.


Entre as mudanças mais urgentes para o país avançar no tempo estão a reorientação dos programas sociais do governo e a reforma administrativa da máquina pública. Sem elas, os recursos abundantes que o arrocho tributário e a lei de responsabilidade fiscal produziram seguirão escorrendo pelo ralo, sem que nenhum fundamento mais sólido para o desenvolvimento sustentável seja edificado com eles.


Afinal, não basta tirar as pessoas da miséria com a distribuição de esmolas, pois elas voltarão à mesma condição assim que pararem de receber as migalhas que o governo distribui. É preciso dar a estas pessoas a possibilidade de se reintegrar moral e profissionalmente ao meio social, de caminhar com as próprias pernas o mais rapidamente possível. Com o modelo atual de paternalismo estatal, no entanto, certamente que não se logrará este resultado em momento algum.


Reforma indispensável


Uma reforma administrativa que permita ao poder público fazer mais com menos é igualmente indispensável para permitir ao país deixar a condição de emergente e ascender, enfim, ao status de desenvolvido. Sem revolucionar a educação, a saúde, a infraestrutura e a segurança, o Brasil jamais obterá o tão almejado título de Canadá dos Trópicos, em recorrente alusão à qualidade de vida e aos índices de produtividade do vizinho do Norte.


Que os futuros candidatos a presidente (incluindo a presidenta Dilma Rousseff, evidentemente) possam pensar seriamente nisso quando formularem suas propostas de governo. Que comecem a pensar seriamente em diminuir (em vez de aumentar) os gastos com distribuição de dinheiro fácil ao povo e contratação mal planejada de novos servidores, por exemplo, para investir mais em educação, saúde, infraestrutura e segurança. Chega de pensar apenas em voto, é preciso pensar também no futuro da nação e no verdadeiro bem estar de todos os brasileiros.




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