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O PROBLEMA DE Là AMANHÃ PODERà SER TAMBÉM O DAQUI
Quarta-Feira, 11 de Dezembro de 2013

Interessante foi a declaração do prefeito do Rio de Janeiro, em matéria publicada pelo G1. De acordo com Eduardo Paes, ainda não se saberia ao certo o que, exatamente, teria feito com que a Cidade Maravilhosa ficasse em baixo d´água nesta quarta-feira, após 60 milímetros de chuva em uma hora.


Pois é preciso avisar ao prefeito que até os extra-terrestres já descobriram a causa de alagamentos como este, que castigam as grandes cidades brasileiras desde que elas ficaram grandes. Na base do problema, está o crescimento desordenado e irregular, que colocou pessoas onde não deveria colocar e desconsiderou os mais elementares princípios de organização urbana – incluindo aí o dimensionamento insuficiente das galerias de drenagem pluvial, passando pela ocupação de encostas, áreas de preservação e margens de rios.


Em seguida, veio um segundo problema, derivado do primeiro: o entupimento das galerias de escoamento. Como a organização urbana e social das pessoas distanciou-as de qualquer noção básica de civilidade e de serviços públicos eficientes (incluindo coleta de lixo), o que deveria ser um bom mecanismo de drenagem acabou se transformando num depósito de lixo. Assim, quando chove forte, a água escorre por cima, e não por baixo, deixando parte da cidade submersa.


Bomba relógio


Blumenau, que também está exposta a índices pluviométricos significativos em algumas épocas do ano, precisa estar atenta ao problema. Afinal, se ele ainda não é tão significativo por aqui, pode tornar-se um dia se a cidade continuar crescendo da forma como cresceu nas últimas décadas. A fiscalização é um engodo, o plano diretor é desrespeitado acintosamente e áreas outrora ocupadas irregularmente agora simplesmente entram em projetos de regularização fundiária, que dão-lhes posse legalizada em troca do recolhimento de impostos. Uma verdadeira bomba relógio, que poderá explodir quando a cidade chegar a meio milhão de habitantes.


Por isso, quem quiser resolver de fato o problema terá que mexer em um ninho de vespas, que em alguns casos envolve até corrupção nos departamentos de fiscalização das prefeituras. Não se pode mais tolerar que planos diretores sejam simplesmente rasgados, ou que o crescimento urbano siga desconsiderando solenemente os códigos municipais de zoneamento.


Façam alguma coisa de concreto neste sentido, portanto, senhores, e parem de aproveitar tragédias fabricadas para fazer demagogia com suposto espírito de homem público que vai às ruas se solidarizar com o sofrimento das pessoas. O que o cidadão quer é a solução do problema, e não tapinhas nas costas, nem tampouco alojamento e cobertores para desabrigados. Estes, nessa hora, até ajudam, mas não aliviam a dor de quem perde a casa ou o que estava dentro dela.


 




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