Análise em Foco > Personalidade
PROBLEMAS ESTÃO POR TODO LADO
Quinta-Feira, 20 de Fevereiro de 2014



O episódio da mãe que precisou chutar a porta de um hospital de Blumenau para poder entrar no ambulatório seria só mais um entre os tantos casos de descalabro que vez ou outra ganham espaço na mídia convencional e agora também nas redes sociais. Mas chamou a atenção de forma especial – inclusive da apresentadora de importante telejornal nacional – pelo aspecto simbólico: ocorreu na loura e rica cidade catarinense, símbolo de um Brasil que dá certo, de uma nação que sabe transformar vocação empreendedora e capacidade de trabalho em desenvolvimento econômico e social.


Se nos hospitais de Blumenau o problema da falta de médicos, recursos e boa vontade também existe, portanto, imagine nos rincões mais pobres do país – na periferia dos grande centros urbanos já se sabe muito bem como é. Onde está, então, o país pintado pelo discurso e pela propaganda oficial, que se desenvolve, que investe, que tira pobres da miséria, que produz riquezas e distribui renda?


Lembrando que distribuir renda também é oferecer serviços públicos de boa qualidade, principalmente em um país que arranca quase 40% do suor de seus cidadãos através de impostos. Há muito tempo defende-se aqui, neste espaço editorial, que o Brasil precisa rever seu paradigma de gestão. Precisa parar de requentar fórmulas já utilizadas no passado, pois estão esgotadas. O Estado já foi colocado como motor do desenvolvimento noutros períodos da história, como é colocado hoje. Isso deu resultados iniciais, mas depois passou a trazer mais problemas do que soluções – qualquer semelhança com o que está ocorrendo hoje, portanto, não terá sido mera coincidência.  


Culpa de todos


Todos são culpados nesta triste história de um país que teria tudo para realmente se tornar uma espécie de Canadá dos Trópicos mas que luta para disputar com a Ãfrica do Sul o último lugar dos Brics – teremos que cuidar muito para não ficar atrás dos sulafricanos até na organização da Copa do Mundo. São culpados as esferas e instâncias de poder, as entidades representativas da sociedade e o eleitor, claro, que segue sem muito juízo na hora de votar.


Este é o país “em que se plantando tudo dáâ€. A nação montada em cima de recursos naturais inacabáveis, irrigada por mananciais inesgotáveis, recoberta por terra fértil, abençoada por um clima altamente favorável e habitada por um povo criativo e trabalhador. Como, então, não consegue transformar tanta riqueza natural em um desenvolvimento mais acelerado e sustentável? Como pode faltar um simples pediatra na emergência de um hospital – considerado referência em atendimento público por alguns?


Realmente parece difícil de entender, mas no fundo é bem simples, e qualquer um pode chegar a esta conclusão. O que falta no Brasil é transformação, reformas, rearranjo de procedimentos, redimensionamento do Estado. O poder público ficou caro demais e eficiente de menos, transformando-se numa espécie de tumor, que cresce vigorosamente mas não tem nenhuma outra função que não seja matar o hospedeiro, neste caso a sociedade brasileira. Além de não atender mais ao cidadão como deveria, a máquina estatal também impede que o meio social se organize em busca de soluções, sugando-lhe todas as forças com carga tributária desproporcional e burocracia paralisante.


Este é o país que precisamos mudar, e rapidamente, antes que seja tarde demais.




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