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DESARMAMENTO COMO ESTRATÉGIA DE DOMINAÇÃO
Sábado, 10 de Maio de 2014

Análise em Foco – O senhor mostra números que comprovariam a ineficiência do Estatuto do Desarmamento para diminuir a quantidade de homicídios no país. Lembra também que os ingleses, ao chegarem à Ãndia, adotaram como primeira medida desarmar a população, para, em seguida, dominá-la. Lenin desarmou os russos, Hitler proibiu a venda de armas, exceto para membros do Partido Nazista. O que aqueles que detêm o poder pretendem ao desarmar os brasileiros?


Bene Barbosa: O que todos pretendem. Todo governo autoritário, todo ditador quer ter o monopólio da força, porque ele sabe que é perigoso ter uma população armada, pois em um momento extremo essa população pode se voltar contra o governo. Então, o motivo claro e óbvio do desarmamento é o controle social do Brasil.


AeF – Outras ONGs, como a Viva Rio, chegaram a ir Ã  Venezuela apoiar o desarmamento naquele país. Se essas ONGs são pacifistas e tem como objetivo, ao desarmar as pessoas, o fim da violência, por que há um silêncio sepulcral com tanta barbárie ocorrendo na Venezuela atualmente?


Barbosa: Porque faz parte da ideologia, é um jogo ideológico. No fundo, ninguém está preocupado com a violência nem com a criminalidade. Muito pelo contrário, quando você tem uma sociedade em que há muitos crimes, em que há muita violência, essa sociedade se torna medrosa e a partir do momento em que o cidadão tem medo é muito mais fácil dominá-lo e convencê-lo de que ele tem que entregar armas porque vai ser melhor, ou que ele tem que fazer determinada coisa porque isso vai protegê-lo. Então o medo trabalha sempre a favor dos ditadores.


AeF – A maioria da população disse não ao desarmamento, ao mesmo tempo em que vivemos numa era em que muitas pessoas defendem o Estado-Babá, querendo assumir cada vez menos a responsabilidade de cuidar da própria vida, pondo tudo na mão do Estado. A questão da segurança, por exemplo: mesmo que fosse aumentado o efetivo policial em níveis significativos, seria impossível manter a polícia 24 horas por dia protegendo todos os cidadãos do país. O que você acha deste aparente contra-senso?


Barbosa: Infelizmente o Brasil, desde a sua colonização, tem essa mentalidade, diferentemente do americano que sempre foi individualista, e nesse caso individualista não é crítica e, sim, um elogio. O brasileiro sempre gostou de ser tutelado de forma geral, então ele quer que o Estado crie o filho dele, quer que o Estado alimente o seu filho, que o Estado provenha uma boa escola, ele quer o Estado na vida dele. Precisamos fazer com que as pessoas acordem e vejam que isso tem um limite, porque o Estado, hoje, é democrático, mas amanhã pode não ser, e o preço que você pode pagar por pedir esse Estado presente na sua vida poderá ser alto demais.


 




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