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POR ISSO ELES SÃO TÃO RICOS E NÓS TÃO POBRES
Quarta-Feira, 04 de Junho de 2014

A comparação não é novidade, talvez seja até recorrente. Mas nunca será suficiente nem tampouco estará esgotada enquanto o Brasil não fizer uma reforma política de verdade. Uma reforma que altere não apenas o sistema de representação (distrital/distrital misto), mas que corte na carne do Parlamento, profundamente.


O Jornal da Band desta quarta-feira à noite lembrou de uma série de reportagens feitas em 2010, na qual mostrou como a vida dos deputados federais de alguns países é bem diferente da levada pelos legisladores brasileiros. Em especial, a dos suecos, cujos apartamentos funcionais têm entre 40 e 18 metros quadrados de área, com lavanderia e cozinha comunitárias. A verba de gabinete é zero, não há auxílio paletó, carro oficial com motorista e muito menos cabide de empregos para parentes e amigos – quem quiser conferir como é a vida de um deputado sueco pode acessar vídeo postado no Youtube.


Talvez não apenas por coincidência, portanto, o Ãndice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Suécia, numa escala que vai de zero a um, é de 0,92, enquanto o do Brasil é 0,69. É evidente que as diferenças parlamentares não são um fator de diferenciação entre os dois países no IDH, mas elas seguramente são o símbolo maior de uma estrutura de organização social e política perversa, que impede o país de avançar em qualidade de vida e desenvolvimento humano. Mostram que o Brasil é um país pensado para minorias privilegiadas, não para maiorias legitimamente constituídas. Mostram que o Brasil, no fundo, ainda é um país de elites escravocratas, sobrepondo-se à massa de trabalhadores que carrega a nação nas costas.


Basta


Por isso é hora das instâncias organizadas da sociedade (sindicatos, associações, esferas de poder e todas as demais entidades representativas do cidadão) unirem-se em torno de um movimento que desencadeie uma reforma política séria, que dê um basta ao acinte em que se transformou a atividade parlamentar no Brasil. Se este não é o único problema da nação, é provavelmente aquele de maior efeito simbólico ante aos olhos do eleitor e do cidadão. O dia em que derem um basta nesta situação de descalabro que acomete o Parlamento brasileiro, certamente que estarão encorajando e estimulando outras tantas transformações urgentes para tirar o país do passado e trazê-lo enfim para o presente.


E o presente pressupõe uma sociedade mais igualitária e equilibrada, sem privilégios injustificáveis, sem desperdício de recursos públicos, sem humilhações ao cidadão, que trabalha duro todo santo dia para bancar o funcionamento da máquina. Chega, definitivamente, chega. Enquanto não tocar nestas questões, o Brasil nunca chegará ao nível de um país desenvolvido. Ficará, no máximo, na rabeira dos chamados emergentes, como está hoje, sendo ultrapassado por quem até bem pouco tempo estava atrás.


Comece a mudança por você, portanto, aproveitando da melhor forma possível a única ferramenta que tem à mão para interferir no estado (lastimável) das coisas: o voto. Outubro está aí, pense nisso.




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