Análise em Foco > Personalidade
POPULAÇÃO SEGUE PAGANDO O PATO
Terça-Feira, 17 de Junho de 2014

OPINIÃO DO ANÃLISE


O prefeito Napoleão Bernardes (PSDB) tomou duas decisões corajosas e difíceis nesta segunda-feira. Difíceis de serem analisadas, inclusive, por isso também precisaremos de coragem para fazer isso agora. Como analisar fatos e traduzir a informação é nossa missão número um como veículo, nosso compromisso para com a audiência, não fugiremos do desafio.


Em primeiro lugar, a iniciativa de chamar o sindicato dos servidores públicos para fazer uma proposta potencialmente inócua pode ter sido um erro, afinal qualquer observador menos experiente perceberia que a oferta apresentada teria tudo para ser recusada pelos grevistas, parados há 27 dias em movimento de reivindicação por reposição salarial. Tanto é que, menos de duas horas depois do primeiro encontro, a comissão encarregada de negociar com os grevistas convocou nova reunião, provavelmente percebendo que a primeira tentativa não daria resultado. Propuseram, então, que o desconto dos dias parados, conforme já autorizado pela Justiça e determinado pelo prefeito, seja feito em três parcelas.


Pelo que já havia dito fonte do Sintraseb logo após a primeira reunião, no entanto, é possível que a nova oferta tenha soado até como “proposta de briga†(na figura de linguagem do jargão interiorano) aos ouvidos do comando de greve, irredutível em seu propósito de emparedar a administração municipal na busca por reposição salarial.


Diálogo e sensibilidade


Por outro lado, as duas iniciativas do Executivo (de convocar duas reuniões seguidas) também podem ser encaradas como uma atitude de humildade. Uma demonstração de disposição para o diálogo, uma tentativa de resolver o impasse pela conversa. Isso não é pouco em um momento tenso como este, de ânimos acirrados. Na verdade pareceu quase um aceno de bandeira branca. Olhando desse ponto de vista, a iniciativa do governo foi um acerto e pode aumentar a pressão da opinião pública sobre os grevistas.


Que as lideranças do movimento possam relevar o gesto do Executivo, portanto, e quem sabe repensar a estratégia de luta, afinal o governo já disse que seguirá dialogando se os servidores que insistem na paralisação voltarem ao trabalho. Quem sabe possam ter também um pouco mais de sensibilidade e se solidarizar com a parcela da população que está sendo privada de serviços essenciais como creche e posto de saúde.  


Ninguém questiona a legitimidade da principal reivindicação dos servidores, que é a reposição de perdas salariais acumuladas nos últimos anos. O que está ficando pouco legítimo é a forma de reivindicar, pois prejudica principalmente o cidadão, que fica sem o serviço e ainda tem que pagar a conta. Ou quem está sem ter onde deixar os filhos para trabalhar ou sem médico para consultar vai ter algum desconto na hora de pagar imposto? Você já sabe qual é a resposta.




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